“Trump first”
15-10-2019 - 06:41

Os militares de Assad, apoiados pelas forças russas, já estão a proteger os curdos da invasão turca no Norte da Síria. Os EUA saem desacreditados desta embrulhada, com a qual Putin lucra.

Trump deu luz verde à invasão turca do Norte da Síria, para dali expulsar os curdos. Estes tinham sido os principais combatentes contra o “Estado Islâmico”, ao lado de forças americanas, que Trump mandou retirar. Perante o clamor de críticas a mais esta decisão impulsiva (não foram previstas as consequências), o presidente dos EUA apressou-se a desejar que as forças armadas turcas não ultrapassassem certos limites, que não especificou.

Como é tragicamente habitual nestas guerras, muitos civis já morreram e houve graves violações de direitos humanos por parte das forças turcas. E milhares de membros do “Estado Islâmico” e seus familiares aproveitaram para fugir – o que significa uma pesada ameaça terrorista a todo o mundo.

O secretário da Defesa de Trump, Mark Esper, reconheceu que a ofensiva turca é maior do que se esperava. Os curdos, sentindo-se traídos pelos EUA, apelaram à ajuda dos militares de Bashar al Assad, apoiados pela Rússia, apesar das criminosas mortandades promovidas pelo tirano Assad e de surgirem provas de que a aviação russa bombardeou quatro hospitais na Síria.

O apelo foi aceite. A partir de agora, Erdogan não se pode limitar a matar curdos, que ele considera terroristas. Vai ter mesmo que enfrentar um inimigo poderoso. E Erdogan põe em causa as relações amigas que tem cultivado com Putin (comprou à Rússia, por exemplo, defesas anti-míssil).

Os EUA saem desacreditados desta embrulhada, com a qual Putin lucra: ele passou a ter voz credível nos problemas do Médio Oriente, ao contrário de Trump. É o preço de decisões irresponsáveis, isoladas de qualquer plano estratégico –, mas que, julga Trump, talvez o levem à reeleição em novembro de 2020. “America first”? Não: “Trump first”.

PS: Uma mais completa informação sobre este conflito pode ser encontrada aqui.