Da vantagem de Hillary nas sondagens à vitória de Trump nas urnas
09-11-2016 - 06:54
 • Carlos Calaveiras

O mundo está em choque à espera para ouvir o novo líder norte-americano.



O mundo está a acordar em estado de choque. O magnata Donald Trump vai ser o 45.º Presidente dos Estados Unidos.

Quando o Alasca encerrou as urnas, às 6h00, hora de Portugal continental, já os apoiantes do candidato republicano festejavam, com os democratas em lágrimas, incrédulos.

A noite foi longa e, no início, (quase) ninguém acreditava neste cenário. As sondagens e as projecções das televisões davam vantagem a Hillary Clinton. E os especialistas nestes estudos vão ter muito que explicar.

A maré começou a mudar quando a Florida surgiu como “too close to call”, ou seja, sem certezas quanto ao vencedor. Era (é) um estado decisivo. Se a antiga secretária de Estado vencesse, a corrida presidencial terminaria cedo e seria mulher a próxima inquilina da Casa Branca.

E depois há tradições que ainda têm peso na América: Vigo County, um pequeno condado no estado do Indiana, acerta no vencedor das eleições desde 1952. Este ano, venceu Donald Trump com 55% dos votos.

A partir daqui a maré vermelha, a cor dos republicanos, foi sempre em crescendo: Kansas, Nebraska, Wyoming, Dakota do Norte e Dakota do Sul, mais o estado chave do Ohio - o estado que não falha o nome do Presidente desde 1960. A estocada final na candidatura democrata foi a derrota na Florida, um dos principais “swing states” com 29 delegados, que caiu para Trump.

O candidato republicano já atingiu o número mágico no Colégio Eleitoral (270) e venceu também o voto popular. A vitória é tão clara que Trump arrisca-se a ultrapassar os números de Obama.

As primeiras réplicas já se fazem sentir, as bolsas caíram, o petróleo desceu e já há reuniões de emergência marcadas por vários governos.

As inúmeras polémicas em que o candidato milionário esteve envolvido nos últimos meses não o prejudicaram na corrida presidencial. A esta hora ainda nenhum dos candidatos falou, mas já ninguém tem dúvidas que será Donald Trump a suceder a Barack Obama.

O que será a Administração Trump é ainda uma incógnita. Não se conhecem os nomes que o vão acompanhar e até a filha Ivanka já foi apontada como potencial elemento do futuro gabinete.

Donald Trump promete construir um muro para parar a imigração do México, não quer muçulmanos no país, defende que se baixem os impostos das empresas.

Entretanto, durante a campanha ameaçou prender Hillary Clinton (pela polémica com os emails), acabar com o Obamacare (serviço nacional de saúde), também criticou heróis de guerra (incluindo John McCain), depreciou as mulheres, humilhou um jornalista deficiente, explicou por que não paga impostos (defendendo que apenas beneficia de uma lei do Congresso que o permite em certas circunstâncias) e insiste que quer "tornar a América melhor e maior".

Voltando ao início, as sondagens. Nestes estudos, supostamente, a maioria dos norte-americanos (mais de 60%) considera que Trump não estaria preparado para ser Presidente. Apesar disso, aí está ele a caminho da presidência.

Até 20 de Janeiro o mundo vai ter de habituar-se a Trump na Casa Branca. Falta saber se o outsider vai ser capaz de algumas concessões e de encontrar algum "sentido de estado" para o cargo.