​Cara lavada e ascensor arranjado. Já se pode subir de novo ao Cristo Rei
03-04-2017 - 18:31
 • Ângela Roque e Filomena Barros

É um dos locais mais procurados pela vista privilegiada que tem sobre Lisboa. A imagem foi limpa, o elevador está de novo operacional e o miradouro tem agora painéis com motivos religiosos. Para lembrar a quem ali vai que aquele é um local de culto.

Foi a primeira vez desde a inauguração do Cristo Rei, em 1959, que uma peça original do monumento foi substituída. O elevador que conduzia os visitantes ao miradouro sobre Lisboa ainda era o mesmo, mas várias avarias no último ano obrigaram à sua substituição. As obras decorreram num tempo recorde, durante o mês de Março.

“Sem ascensor não há acesso possível à imagem. A obra foi complicada, trabalhou-se muitas noites, uma autêntica maratona, mas devo isso aos funcionários e às empresas que colaboraram e se entusiasmaram com o projecto, senão não seria possível”, disse à Renascença o reitor do santuário nacional do Cristo Rei.

O novo elevador foi inaugurado sexta-feira, dia 31 de Março, mas ainda há trabalhos para acabar. “Vão continuar algumas afinações e têm de se substituir as escadas interiores, que já estão gastas”, explica o padre Sezinando Alberto.

A imagem também sofreu uma limpeza. “Em 60 anos só foi limpa duas vezes, em 2001 e agora, com uma técnica de alpinismo”. E se há 16 anos essa obra até fez com que o santuário se endividasse “por causa da estrutura de metal que foi necessário colocar”, desta vez essa estrutura foi dispensada e o trabalho foi feito com técnicas de alpinismo.

“Os alpinistas foram incansáveis, temos fotografias impressionantes”, diz o reitor do santuário. Mas na limpeza foram descobertas algumas fissuras, por isso vão pedir “apoio técnico ao Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), para se fazer o restauro, para que a imagem vá durando”.

As obras no Cristo Rei custaram cerca de 250 mil euros e “estão pagas”. Incluíram também a colocação de um painel de azulejos, alusivos ao livro do profeta Daniel, e baixos-relevos em bronze com a frase “Deus é Amor”, em 16 idiomas, da autoria do arquitecto João de Souza Araújo. Para lembrar a quem o visita que aquele é um local turístico, mas também um local de culto.

A bênção do novo ascensor foi feita pelo bispo de Setúbal. À Renascença D. José Ornelas sublinhou que estas eram “obras necessárias, devido à idade do equipamento e aos problemas que tinha dado mais recentemente”, por isso tinha de se “salvaguardar a segurança e a eficiência deste serviço”.

O bispo congratula-se pela forma como tudo foi feito: “é uma grande satisfação que isto tenha sido completado num tempo bastante razoável, e com a colaboração de todos, e que agora possamos dispor de uma coisa mais eficiente e actualizada”.

240 mil visitantes em 2016

Seja por fé, seja apenas por curiosidade turística, são cada vez mais os que visitam o Cristo Rei, até no mês em que o ascensor não funcionou. “A afluência deste mês de Março foi superior à do mesmo mês do ano passado. Sabemos isso através dos visitantes quer do acolhimento, quer da cafetaria”, explica o reitor do santuário.

O aumento foi mais consistente nos últimos cinco anos, mas já é notado há mais de uma década: “quando aqui cheguei, em 2003, o número de visitantes ao piso superior era de 110 mil pessoas, em 2016 foram 240 mil”.

O padre Sezinando acredita que a vinda do Papa a Fátima, mesmo não passando por Lisboa, trará mais gente ao Cristo Rei. “Tenho a certeza disso. Pelo menos dia 13 de Maio à tarde. Porque o santuário acompanha muito Fátima dos dias 13, e tem sempre muita gente nos dias 12 de manhã e nos dias 13 à tarde. Há um turismo religioso que passa por aqui, e com certeza que com a vinda do Papa Francisco quem vier a Lisboa quer vir aqui ao santuário. De certeza absoluta”.

Para o bispo de Setúbal é natural que muitos do que sobem ao Cristo Rei o façam apenas pela vista. “Não há mal nenhum em apreciar esta bonita paisagem, porque as belezas da natureza chamam Àquele que está na sua origem”, diz D. José Ornelas, que reconhece que os novos painéis que foram postos no miradouro ajudarão a função religiosa e espiritual daquele espaço. “Explicitar essa mensagem através da arte é uma das raízes da nossa identidade, e é evidente que ajuda a fazer uma leitura adequada daquilo que aqui está”, sublinha.

Nestas declarações à Renascença D. José Ornelas revela, ainda, que há projectos em estudo para “criar maiores possibilidades de acolhimento das pessoas que aqui chegam e passam”. Passará isso por criar alojamentos? “É uma das possibilidades”, admite. “No futuro há um trabalho a fazer na continuidade do que já está a ser feito de dinamização, promoção e facilitação dos acessos ao Cristo Rei”.