Foi chato
15-05-2019 - 15:51
 • Ribeiro Cristóvão

O dia da invasão à Academia de Alcochete jamais poderá ser esquecido, para que o seu exemplo não se repita.

Quando nesta tarde soarem as cinco badaladas terão passado 8.760 horas sobre o acontecimento mais desgraçado que alguma vez já atingiu o desporto nacional.

Nesses momentos, um bando dos piores desordeiros que andam à volta do futebol, invadia as instalações da Academia do Sporting, em Alcochete, transformando aquela tarde num inferno e atacando tudo quanto encontravam à sua frente, a começar pelo maior património do clube, os jogadores do seu plantel.

Os ecos então provindos daquele pedaço da lezíria ribatejana depressa correram o país e o mundo: Portugal acabava de inscrever o seu nome na página mais negra do historial da sua modalidade predilecta, e iniciar aí um longo calvário que, pelos vistos, está longe de chegar ao fim.

Poucas horas depois, escutavam-se, no entanto, palavras surpreendentes vindas de uma figura que há muito deixara já de causar espanto aos mais atentos.

“Foi chato”, proclamava horas depois um presidente já em declínio, perante as câmaras de uma televisão posta ao seu serviço, e da qual, a seu mando, saíam, com frequência, os mais desbragados enxovalhos a pessoas com muitos anos de ligação ao clube. Passado todo este tempo, está ainda por escrever uma boa parte deste sórdido acontecimento.

Mas a justiça há-de certamente colocar os seus intérpretes no lugar que lhes cabe, repudiados pela história de um clube centenário que os seus fundadores erigiram para se tornar ”um grande clube, com os maiores da Europa.”

E, mesmo por entre procelas, o percurso realizado tem deixado a esperança de que vai ser possível continuar a construir o futuro. O exemplo chega-nos da normalidade conseguida e dos resultados que a mesma tem permitido alcançar.

Frederico Varandas, o homem do leme, tem boas razões para proclamar o dever cumprido, apesar dos obstáculos que alguns ainda teimam em atravessar-lhe no caminho.

Este dia jamais poderá ser esquecido, para que o seu exemplo não se repita.