​Guterres pede desmilitarização da central nuclear de Zaporíjia
18-08-2022 - 17:47
 • Ricardo Vieira, com agências

De visita à Ucrânia, o secretário-geral da ONU também apelou a um "espírito de compromisso" a russos e ucranianos.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, apela à Rússia e à Ucrânia que manifestem um “espírito de compromisso” para garantir a continuação da exportação de cereais, apesar da guerra, e defende a desmilitarização da zona em torno da central nuclear de Zaporíjia.

António Guterres falava esta quinta-feira numa conferência de imprensa, com os presidentes da Ucrânia e da Turquia, , Volodymyr Zelensky e Recep Tayyip Erdogan, realizada na cidade ucraniana de Lviv.

O secretário-geral da ONU pediu a desmilitarização da zona à volta da central nuclear de Zaporíjia, na Ucrânia, que está em poder dos militares russos.

"Temos que o dizer assim: qualquer estrago potencial na central de Zaporíjia seria suicídio", declarou António Guterres.

Noutro plano, 21 navios carregados com cereais saíram de portos ucranianos ao abrigo do acordo celebrado há menos de um mês, com mediação da Turquia, indicou o líder das Nações Unidas.

“Mas isto é apenas o início. Apelo a todas as partes que garantam o sucesso contínuo” da operação, disse António Guterres.

“Desde o primeiro dia, as partes trabalharam profissionalmente e de boa-fé para permitir o fluxo de alimentos. Apelo a que assim continue e que ultrapassem os obstáculos num espírito de compromisso e resolvam as dificuldades de forma permanente”, salientou.

Guterres alerta que "não há solução para a crise alimentar global sem garantir acesso global total aos produtos alimentícios da Ucrânia e alimentos e fertilizantes russos".

"Temos visto sinais de que os mercados globais de alimentos estão a começar a estabilizar. Os preços do trigo caíram até 8% após a assinatura dos acordos. O Índice de Preços de Alimentos da FAO [Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação] caiu 9% em julho - a maior queda desde 2008. A maioria das 'commodities' alimentares está a ser negociada a preços abaixo dos níveis pré-guerra", salientou Guterres.