A China reconheceu, esta terça-feira, um bispo nomeado pelo Vaticano, anunciou a Santa Sé. O reconhecimento acontece cinco anos após o Papa Francisco anunciar a nomeação.
Em comunicado, o Vaticano declara que "soube com satisfação" que o bispo D. Melchior Shi Hongzhen foi "oficialmente reconhecido sob a lei civil como bispo de Tianjin", diocese católica na província eclesiástica de Pequim.
"Esta medida é um fruto positivo do diálogo estabelecido ao longo dos anos entre a Santa Sé e o governo chinês", apontou o gabinete de imprensa da Santa Sé.
D. Melchior Shi Hongzhen tem 95 anos de idade. Nasceu a 7 de outubro de 1929, e foi ordenado padre em 1954. Em 1982 tornou-se bispo coadjutor de Tianjin, mas só há cinco anos é que sucedeu a D. Stefano Li Side na liderança daquela diocese, que conta com cerca de 56 mil fiéis católicos, distribuídos por 21 paróquias, servidas por 62 sacerdotes e várias religiosas.
As autoridades chinesas recusaram reconhecer D. Melchior Shi Hongzhen como bispo, por este recusar integrar a Associação Patriótica Católica Chinesa, que não é reconhecida pelo Vaticano.
Foi em 2018 que a Santa Sé e a República Popular da China assinaram um acordo provisório sobre a nomeação de bispos, que tem sido renovado a cada dois anos. Como recorda a agência Ecclesia, o documento “não diz respeito às relações diplomáticas entre dos dois estados, mas ao processo de nomeação" de novos prelados, "com o objetivo de permitir que todos os católicos tenham bispos em comunhão com o Papa e reconhecidos por Pequim".
As relações diplomáticas entre a China e a Santa Sé terminaram em 1951, após a expulsão de todos os missionários estrangeiros, muitos dos quais se refugiaram em Hong Kong, Macau e Taiwan. Em 1952, o Papa Pio XII recusou a criação de uma Igreja chinesa, separada da Santa Sé - a Associação Patriótica Chinesa, APC -, e reconheceu formalmente a independência de Taiwan, onde o núncio apostólico (embaixador da Santa Sé) se estabeleceu após a expulsão da China.
A APC seria criada em 1957 para evitar “interferências estrangeiras”, em especial da Santa Sé, e para assegurar que os católicos viviam em conformidade com as políticas do Estado, deixando assim na clandestinidade os fiéis que reconhecem a autoridade direta do Papa.