Cinco reclusos "muito perigosos" fugiram, este sábado, do Estabelecimento Prisional de Vale de Judeus, em Alcoentre, Lisboa.
O alerta foi dado por volta das 10h00, depois de terem utilizado uma escada para fugir da prisão e saltar o muro. No exterior estaria um carro à sua espera.
De acordo com um comunicado da Direção-Geral de Reinserção e Serviços Públicos (DGRSP), "da avaliação preliminar, através de consulta ao CCTV, é possível informar que a evasão se deu com ajuda externa através do lançamento de uma escada que permitiu aos reclusos escalarem o muro e acederem ao exterior".
A DGRSP confirma que os homens são: Fernando Ribeiro Ferreira — 61 anos, condenado a 25 anos pelos crimes de tráfico de estupefacientes, associação criminosa, furto, roubo e rapto; Rodolf José Lohrmann — 59 anos, condenado a 18 anos e 10 meses pelos crimes de associação criminosa, furto, roubo, falsas declarações e branqueamento de capitais; Mark Cameron Roscaleer — 39 anos, condenado a 9 anos, pelos crimes de sequestro e roubo; Shergili Farjiani — 40 anos, condenado a 7 anos, pelos crimes de furto, violência depois da subtração e falsificação de documentos; Fábio Fernandes Santos Loureiro (conhecido como ‘Fábio Cigano’) — 33 anos, condenado a 25 anos, pelos crimes de tráfico de menor quantidade, associação criminosa, extorsão, branqueamento de capitais, injuria, furto qualificado, resistência e coação sobre funcionário e condução sem habilitação legal.
As forças de segurança já foram alertadas e decorrem buscas nas imediações da cadeia.
Também segundo a DGRSP, já "foi aberto processo de inquérito a cargo do Serviço de Auditoria e Inspeção, coordenado por Magistrado do Ministério Público".
Reclusos "são muitos perigosos" e a "segurança da população está em causa"
À Renascença, Frederico Morais, presidente do Sindicato Nacional da Guarda Prisional (SNCGP), aponta culpas ao Estado português, "que desinvestiu nos serviços prisionais".
Segundo o presidente, "o sindicato tem alertado ao longo destes quatro anos que isto poderia acontecer". "Pensávamos até que poderia ser mais grave ainda, como uma morte de um guarda prisional, mas foi uma fuga em massa. Isto acontece porque não há guardas prisionais. Não há guardas em Portugal para se garantir a segurança do estabelecimentos prisionais. Hoje temos uma fuga bastante grave e o principal culpado é o Estado português", reitera.
Frederico Morais adianta que os reclusos são "muito perigosos" e que a "segurança da população está em causa".
"Quem se puser à frente deles... eles não vão olhar a meios", alerta. Por isso mesmo, entende, "as fronteiras deviam ser fechadas".
Quatro dos cinco reclusos têm medidas especiais de segurança desde que estão presos e só saem à rua acompanhados pelo Grupo de Intervenção de Segurança Prisional. "São do piorio do que existe em Portugal a nível de reclusos", afirma. "Um dos homens era um dos mais procurados da Argentina", relembra Frederico Morais.
Frederico deixa, por isso, um aviso à população, caso encontre um deste homens. "Alertar as forças de segurança e não interferir com eles. Deixá-los".
Como aconteceu a fuga?
O presidente da SNCGP explica que as torres da cadeia foram desativadas em "2017/2018, quando a Direção-Geral da altura e o Governo decidiram que não faziam falta as torres, para racionalizar os meios humanos".
"Sem as torres, três indivíduos saltaram uma rede, que é exterior e tem cerca de dois metros. Puseram uma escada enorme, com cerca de seis metros, junto ao muro. Dentro do muro, os reclusos, com uma corda com um gancho na ponta, lançaram e conseguiram fugir".
Os evadidos são dois portugueses, um georgiano, um argentino e um cidadão britânico.
Marcelo acompanha caso desde "o primeiro minuto"
O Presidente da República afirmou este sábado que está a acompanhar "desde o primeiro minuto" o caso de fuga de cinco reclusos do Estabelecimento Prisional de Vale de Judeus, em Alcoentre, Lisboa, e espera que seja rapidamente resolvido.
"Estou a acompanhar a situação, desde o primeiro minuto, e, portanto, a acompanhar as informações que vierem a chegar, e espero que sejam boas, uma vez que é uma situação que é sempre indesejável, naturalmente. Esperemos que seja resolvida e enfrentada o mais rápido possível", declarou Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas, no Palácio de Belém, em Lisboa.
Interrogado se considera que este caso tem implicações para a segurança do país, o chefe de Estado respondeu: "Não sei, vamos ver. A informação que temos ainda da evolução dos acontecimentos é muito curta, tem horas".
"Vamos deixar ver, para depois saber o que é que se passa, e o próprio Governo, tendo dados disponíveis, não deixará de informar os portugueses, espero", acrescentou.
[Notícia atualizada às 19h15 de 7 de setembro de 2025 com mais detalhes sobre o caso]