CPI à TAP. “Relatório quer convencer-nos de que a ignorância é uma bênção”, diz Frente Cívica
05-07-2023 - 10:54
 • André Rodrigues , Olímpia Mairos

João Paulo Batalha considera que “isto não é sério e é grave, porque é a demolição de qualquer noção mínima de responsabilidade política”.

O vice-presidente da Frente Cívica, João Paulo Batalha, numa primeira reação ao relatório preliminar da comissão parlamentar de inquérito à TAP, questiona a utilidade de três meses de trabalho parlamentar e fala mesmo em ato de censura.

O relatório preliminar da comissão parlamentar de inquérito à TAP conclui que o Governo não terá tido interferência na decisão sobre a indemnização a Alexandra Reis. O documento, que foi entregue no Parlamento e está a ser apresentado em conferência de imprensa esta manhã, exclui considerações sobre o caso do envolvimento do SIS na recuperação de um computador das Infraestruturas.

“A verdade é que a própria comissão de inquérito decidiu que era ali que se ia fazer e fez este escrutínio, ouvindo os envolvidos e depois isso não aparece de todo no relatório”, nota.

Para João Paulo Batalha, trata-se de “um ato de censura no sentido literal do termo, em que omite questões que foram discutidas, que foram escrutinadas na comissão de inquérito e que nem sequer aparecem no relatório”.

À Renascença, o vice-presidente da Frente Cívica vai mais longe e diz que “este relatório tenta convencer os portugueses de que tudo aquilo que nós vimos acontecer, não aconteceu”.

“Eu acho que o mais grave deste relatório é relativizar as responsabilidades políticas, desculpando-os com a ignorância das pessoas que, se não sabiam, tinham obrigação de saber”, diz, assinalando que “o relatório quer convencer-nos de que a ignorância é uma bênção”.

Na visão do vice-presidente da Frente Cívica, “há aqui uma narrativa que é: não há responsabilidade política, porque os responsáveis políticos não sabiam”, considerando que “isto não é sério e é grave, porque é a demolição de qualquer noção mínima de responsabilidade política”.

“Isto é quase patético”, diz João Paula Batalha, e significa que a comissão “acaba por perder completamente a sua utilidade, que é, na verdade, aquilo que o PS e o Governo estavam a ensaiar desde algum tempo e que era esvaziar a comissão de inquérito e impedir que chegue a conclusões que sejam minimamente embaraçosas para o Governo”.