Aguiar da Beira. PJ e GNR querem apanhar Pedro Dias. Mas a estratégia é a mesma?
20-10-2016 - 14:09
 • João Carlos Malta

A alegada falta de coordenação das forças de segurança no terreno começa a preocupar o Governo. O homem mais procurado do país está a monte há mais de uma semana.

O objectivo da PJ e da GNR é óbvio e inequívoco: apanhar Pedro Dias, de 44 anos, suspeito de ter morto a tiro duas pessoas, um dos quais um militar da Guarda Nacional Republicana. Mas a coordenação e estratégia parece começar a preocupar o Governo.

O "Diário de Notícias" dá conta, esta quinta-feira, que a descoordenação das forças policiais envolvidas na "caça" ao suspeito dos homicídios de Aguiar da Beira está a preocupar o Governo. Mais de uma semana depois , o impasse mantém-se, com informações contraditórias a virem a público.

Fontes envolvidas nas buscas disseram ao DN que não tem havido coordenação entre a investigação da Judiciária e a GNR, que tem a sua própria operação em campo e que não têm existido sequer reuniões para definir tácticas operacionais.

Esta semana, em declarações à Renascença, o coordenador da PJ da Guarda José Monteiro defendeu que a investigação do caso não é “uma guerra desenfreada” e que a progressão das polícias tem de ser feita “com cálculo e previsibilidade”. “Tragédia já temos que chegue”, argumentou.

O coordenador da PJ não concorda que a captura do homem seja mais rápida e com menos danos colaterais se ele se sentir acossado. “Se ele estiver quieto, representa um nível de perigo. Mas se a Polícia e a GNR estiverem a fazer perseguições de forma inopinada, sem estratégia concertada, o perigo aumenta porque ele está por tudo. A qualquer momento pode fazer uma coisa pior”, avisava

A PJ quer proteger as populações e esperar que Pedro Dias cometa um erro para o deter, construindo um caso sólido com provas fortes para apresentar em tribunal quando capturar o suspeito.

Também o relações públicas da GNR, o major Marco Cruz, revelou à Renascença a estratégia dos militares no terreno.

“Este indivíduo está desgastado pelo muitos dias de fuga. Mesmo que durma, não dorme em condições normais, e está a ficar psicologicamente mais desgastado. Portanto, é pressionar um bocadinho para ver se há um erro”, explicou Marco Cruz.

O responsável da GNR avança que não acredita “que haja estratégias diferentes porque o que acontece no terreno é concertado com a Polícia Judiciária”. E sublinhou nas mesmas declarações que a PJ e a GNR “têm um objectivo comum que é deter o individuo”. “O trabalho está a ser feito em comum. Não há nenhuma dissonância”, acrescenta.

Segundo o "Diário de Notícias", a ministra da Administração Interna está preocupada. Contactado pelo DN, o gabinete da ministra informou que "diariamente a sra. ministra tem telefonado à PJ para colocar à disposição todos os meios e recursos das polícias sob a sua tutela".