Mudar ou manter. Duas vias em aberto na recta final do sínodo
19-10-2015 - 09:36
 • Aura Miguel , em Roma

O sínodo dos bispos entra na última semana de trabalhos. Em Roma, nos últimos dias, a discussão dos temas mais polémicos mostrou a existência de perspectivas diferentes em confronto.

Os últimos dias no sínodo dos bispos foram dominados pelo debate sobre questões mais polémicas, como, por exemplo, o acesso aos sacramentos por parte de pessoas em uniões irregulares, sendo notória a existência de divergências.

Há quem esteja mais aberto à mudança, defendendo o acesso aos sacramentos para pessoas que vivem situações irregulares à luz do catecismo, e há outros que se mantêm mais conservadores nos aspectos meramente consultivos, defendendo que o sínodo nada pode mudar.

Nos trabalhos, sobretudo depois da intervenção do Papa Francisco no sábado, há latente uma questão mais profunda, que tem a ver com a estrutura da Igreja. Celebraram-se os 50 anos desta instituição sinodal e o Papa fez um discurso onde defendeu que a colegialidade episcopal ainda não estava profundamente realizada, no que diz respeito às conferências episcopais, apelando a uma salutar descentralização.

Francisco falou em vários níveis - do povo de Deus, dos bispos e depois a parte universal, dizendo que era necessário pensar numa conversão do papado.

O que é que isto quer dizer? Como é que vai ser?

Quem quer mudanças em relação a estes assuntos mais polémicos, como o acesso aos sacramentos, justifica-se com uma possível delegação nas conferências episcopais. Só que, dizem os mais conservadores, a doutrina nunca poderá mudar.

Estes últimos dias são decisivos, em que estes temas serão tratados em trabalhos de grupo e depois levados a plenário na terça-feira à tarde. Será depois votado um documento, chamado relatório final, que introduz alterações ou propostas que saem dos trabalhos de grupo.

Na agenda para os trabalhos, além das questões mais divergentes, estarão as várias facetas da realidade da família e os seus desafios hoje: a valorização do testemunho que a família deve dar no mundo e a importância determinante para a sociedade da valorização do casamento entre um homem e uma mulher.

No final dos trabalhos, haverá uma declaração, mas o que o Papa vai fazer com essa declaração ainda não se pode prever. Está tudo por descobrir nesta próxima semana.