Facebook mantém suspensão e Trump volta com blogue de um homem só
05-05-2021 - 16:51
 • Hélio Carvalho

No site com o nome “Da mesa de Donald Trump”, o antigo presidente escreve e publica vídeos sobre mentiras que sempre defendeu e continua a criticar republicanos que se afastaram dele.

O Twitter foi sempre o seu palco predileto, mas ficou sem ele. O Facebook (e redes que detém, como o Instagram), também lhe fecharam a porta por mais seis meses. Agora, depois de muita antecipação, Donald Trump está de volta ao mundo digital, com o seu blogue.

“Da mesa de Donald Trump” (do inglês “From The Desk of Donald Trump”) é, essencialmente, um Twitter com apenas um utilizador. E o tom do antigo Presidente dos Estados Unidos na América mantém-se igual.

Nas publicações que são feitas regularmente, Trump continua a manter a convicção de que venceu as eleições em novembro, contra Joe Biden – uma mentira que continua a perpetuar e a ser defendida seus apoiantes.

Neste novo espaço, Donald Trump também anuncia apoio por candidatos republicanos que se mantém do seu lado, enquanto critica duramente os que se afastaram de si e das suas políticas, como a congressista Liz Cheney e o senador Mitt Romney.

Há várias diferenças em relação ao seu comentário habitual no Twitter. Para começar, não existe limite de carateres – o que permitiu a Trump atacar esta quarta-feira Liz Cheney numa longa publicação, por esta não concordar com a teoria da conspiração de que houve fraude eleitoral nas eleições presidenciais.

O novo blogue do anterior residente na Casa Branca, entre 2016 e 2020, surge depois de alguma especulação sobre qual seria o futuro mediático de Trump. Houve rumores de que criaria a sua própria televisão – depois de entrar em conflito com o canal conservador Fox News – mas, em março, o assessor de Trump, Jason Miller, anunciou que o Presidente lançaria uma rede social própria.

Além disso, ainda não é possível comentar ou “gostar” as publicações, apenas partilhar em outras redes sociais e receber notificações.

No Twitter, Jason Miller disse este formato atual ainda não é uma rede social, mas poderão ser tomados mais passos nesse sentido. “Teremos mais informações adicionais nessa frente num futuro próximo”.

Isto poderá evitar, para já, que a plataforma se torne em mais uma zona digital em que os apoiantes do antigo Presidente podem difundir desinformação. Muitos especialistas e investigadores já avisaram que algumas redes sociais, como Gab, o Telegram, o Parler o MeWe, tornaram-se em redes alternativas propícias a proliferação de desinformação. Grupos extremistas violentos afetos ao Presidente, como os Proud Boys ou os Oath Keepers, ou contas afiliadas ao QAnon, uma rede de apoiantes de Trump que crê que o antigo Presidente salvará o mundo de elites corruptas e pedófilas, já foram identificados nestas redes.

Na sequência do ataque ao Capitólio, a 6 de janeiro, e pela forma como Trump incentivou a invasão nesse dia, muitos gigantes das redes sociais decidiram tomar ação e silenciar o então Presidente americano. O Twitter, que já tinha sinalizado conteúdos partilhados por Trump como “incitação à violência”, baniu-o permanentemente da plataforma.

Esta quarta-feira, um painel apontado pelo Facebook de jornalistas, ativistas e advogados “renovou” a suspensão das redes do grupo Facebook (que inclui o Instagram) às contas de Donald Trump. O Facebook tem agora seis meses para decidir se a suspensão se torna num silêncio permanente a Trump.