​"As famílias portuguesas não querem a eutanásia"
07-05-2022 - 18:42
 • Henrique Cunha

Diretor do departamento nacional da Pastoral Familiar não tem dúvidas de que a "a grande maioria das famílias não quer estas propostas legislativas".

Na véspera do início da Semana da Vida, Francisco Pombas, diretor do departamento nacional da Pastoral Familiar, defende na Renascença a auscultação dos portugueses em referendo sobre o tema da eutanásia. Francisco Pombas não tem dúvidas de que "a grande maioria das famílias não quer estas propostas legislativas".

"Quando uma pessoa vota, vota num programa eleitoral, mas também é evidente que não há nenhum programa eleitoral em que qualquer pessoa se identifique com todas as medidas desse programa”, portanto, faz sentido o desafio para que “as famílias sejam ouvidas, que o povo português seja ouvido e que seja dado voz a esse povo que que seguramente rejeitará estas propostas legislativas”, defende.

A Semana da Vida começa no domingo, dia 8, e que termina no dia 15, Dia Internacional da Família. Tem como lema "A vida que acolhemos" e pretende focar três temas: o aborto, a eutanásia e a guerra na Europa.

Aborto, uma "realidade oculta"

Francisco Pombas considera que o aborto “é uma realidade oculta dos noticiários” que importa sublinhar, até porque “esta questão do inverno demográfico e do aborto estão relacionadas”.

O diretor do departamento nacional da Pastoral da Família entende que os “números são dramáticos e devem ser realçados”. De acordo com Francisco Pombas, “os últimos números conhecidos são de 2019 e revelam que, anualmente, se fazem cerca de 15 mil abortos”.

“Se tivermos em atenção que nesse mesmo ano houve 85.600 nascimentos, estamos a falar de uma realidade em que uma em seis gravidezes termina num aborto voluntário, o que é um número muito importante”, sublinha.

O tema central da Semana da Vida “A Vida que acolhemos” é inspirado na parábola do Bom Samaritano como “personagem de acolhimento e, em simultâneo, estrangeiro”. Francisco Pombas diz que a Pastoral da Família tem tentado, “tal como em anos anteriores, fazer uma abordagem a estes assuntos numa perspetiva positiva”, e “esta questão do acolher uma nova vida, do acolher o refugiado, de acolher o idoso é uma perspetiva positiva, e faz o contraponto com as situações de morte, com as situações de destruição da vida que são o aborto, a eutanásia, e a guerra”.

“Acolher uma nova vida, o acolher uma gravidez desejada e depois o acolher a pessoas, o cuidado da pessoa idosa, e também acolher os refugidos, acolher estas famílias que estão divididas que a guerra obrigou a separar; são estes os três temas que vamos refletir”, reforça.

Francisco Pombas diz que, “acima de tudo, queremos debater a questão da família como lugar de acolhimento, como sendo o pilar em que todas estas realidades de acolhimento podem ter a sua concretização prática”.