Maioria dos portugueses não aproveita rastreios contra o cancro
27-08-2020 - 07:44
 • Renascença

O último relatório anual sobre acessos a cuidados no Serviço Nacional de Saúde revela que a adesão tem vindo a cair de ano para ano.

Em 2019, apenas um terço das cerca de 400 mil pessoas convocadas para o rastreio do cancro do cólon e do recto - o segundo mais mortal em Portugal, a seguir ao do pulmão - é que aderiram à chamada.

Segundo o último relatório anual sobre acessos a cuidados no Serviço Nacional de Saúde, citados pelo jornal “Público”, a adesão tem vindo a cair de ano para ano.

Contudo, esta não é a única oferta que tem sido desperdiçada. O mesmo documento revela ainda que apenas um terço das mulheres fez o rastreio do cancro da mama e há jovens que não aproveitaram a vacinação gratuita contra as infeções pelo papiloma humano, associados ao cancro do colo do útero.

O presidente da associação de doentes Europacolon está preocupado com a paragem dos rastreios por causa da pandemia. “A situação vai agravar-se imenso e os reflexos na mortalidade vão sentir-se dentro de três anos”. Vítor Neves frisa que o rastreio de sangue oculto devia ter no mínimo uma taxa de adesão de 65% para ser representativo. “Se não, só se está a gastar dinheiro.”

Na vacinação contra infeções por HPV (papiloma vírus humano), dada a raparigas desde 2008 e que vai começar este ano a ser gratuita para os rapazes, a taxa de cobertura com a primeira dose é elevada em Portugal, mas no ano passado 7% das jovens não tinham aproveitado.

De acordo com este relatório, há muitas pessoas que não utilizam os cheques-dentista para consultas e tratamentos que o Estado dá a vários grupos, como crianças, grávidas e idosos, para serem utilizados em clínicas e consultórios privados.

Os vales de 35 euros foram usados apenas por 68% dos potenciais beneficiários no ano passado.