“Ligamos pouco à língua portuguesa”
05-05-2022 - 10:33
 • Olímpia Mairos

O comentador analisa o Dia da Língua Portuguesa, sublinhando que gostamos muito de falar de uma comunidade falante, mas, depois, “não se traduz em nada”.

No dia em que se assinala o Dia Mundial da Língua Portuguesa (DMLP), o comentador d’As Três da Manhã nota que nunca houve um investimento de escolas portuguesas em países terceiros.

“E isso é uma coisa trágica, porque o português é uma das línguas mais faladas no mundo. Toda a gente diz que pode ser a sexta língua materna, inclusivamente do mundo, por causa dos 230 milhões de brasileiros que existem, não por causa de nós, mas, sobretudo, é a terceira língua de todo o continente americano e é a segunda língua de comunicação de toda a África Austral”, diz Henrique Monteiro.

A falta de investimento de Portugal contrasta, assim, com o que acontece com outros países, nomeadamente com a Espanha e a França que investem de forma massiva no ensino no exterior, daí resultando até benefícios económicos, estratégicos e políticos.

Exemplificando com o que se passa agora na Ucrânia, Henrique Monteiro sinaliza que a própria Comunidade de Países de Língua Portuguesa não está unida.

“A CPLP, a Comunidade de Países de Língua Portuguesa, no voto de condenação à Ucrânia, três ou quatro ou cinco abstiveram-se. Ao lado de Portugal, nos africanos, só votou Cabo Verde, é uma coisa que é extraordinária. Nós temos uma comunidade que não comunga, parecem estrangeiros entre si”, alerta.

O comentador acrescenta que “no Brasil, sabemos qual é a posição de Bolsonaro sobre Putin” e chama à atenção para a entrevista concedida pelo grande adversário de Bolsonaro, Lula da Silva, que veio dizer que “a culpa é tanto de Putin como de Zelenskiy, o que também é um bocado assustador no Brasil, não haver ninguém que olhe para o mundo de uma forma mais normal”.

“Não sei se é problemas da diplomacia portuguesa e do Instituto Camões, mas, a verdade, é que nós ligamos muito pouco à língua portuguesa. Gostamos de falar disso porque é importante, mas, depois, não se traduz em nada”, conclui.