O Chega vai pedir a audição do antigo governador do Banco de Portugal Carlos Costa para esclarecer se o primeiro-ministro tentou proteger a empresária angolana Isabel dos Santos, tendo contactado o PSD para constituir uma comissão de inquérito.
Em conferência de imprensa no parlamento, o presidente do Chega, André Ventura, considerou ser preciso “perceber se e porquê protegeu o primeiro-ministro Isabel dos Santos”, um dia depois de António Costa ter admitido processar o ex-governador do Banco de Portugal Carlos Costa por ofensa à sua honra, por este ter afirmado que foi pressionado para não retirar Isabel dos Santos do BIC.
“O país não pode esperar que o processo de António Costa contra Carlos Costa se desenvolva e é preciso esclarecimentos rápidos. E por isso eu ouvi o vice-presidente do PSD António Leitão Amaro dizer que o PSD iria pedir explicações, mas tanto quanto sei à hora que entramos para esta conferência de imprensa não havia ainda nenhum requerimento formal no parlamento para que Carlos Costa seja aqui chamado e preste explicações”, afirmou.
O Chega, “até ao final do dia de hoje”, entregará esse requerimento “para que o antigo governador do Banco de Portugal preste esclarecimentos no parlamento sobre a veracidade das afirmações que ali contém”.
“Contactei o presidente do PSD, Luís Montenegro, para avaliar a possibilidade de uma eventual comissão de inquérito sobre esta matéria. O Chega sozinho não consegue potestativamente impor uma comissão de inquérito”, adiantou aos jornalistas.
Ventura afirmou que fará o mesmo contacto com a IL uma vez que “está em causa o regular funcionamento das instituições”.
Questionado sobre a posição de Montenegro, o presidente do Chega disse que “não há resposta ainda” e que “o contacto foi unilateral”.
““Está a avaliar. Não houve uma resposta sobre isso. Não me cabe a mim falar por ele”, disse, perante a insistência dos jornalistas, admitindo que “o PSD esteja a aguardar mais comunicações do primeiro-ministro”.
Na mesma conferência de imprensa, André Ventura reagiu também à demissão do secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro, Miguel Alves, que aconteceu na quinta-feira.
“O que assistimos foi a um espetáculo de destruição da credibilidade do Governo e das instituições ao longo de semanas e este espetáculo era perfeitamente evitável e tinha preservado as instituições”, afirmou.
O deputado do Chega defendeu também que “Miguel Alves não percebeu” que “em democracia os eleitos têm os mesmos direitos que os outros, mas têm deveres acrescidos face aos outros, e um desses deveres é o de explicação”.
E criticou o secretário de Estado demissionário por se ter refugiado "na vitimização" ao dizer que "estava a ser perseguido por ser um político do Norte", atacando "a imprensa e a justiça”.
“Isto foi um espetáculo degradante que só se degradou tanto porque o primeiro-ministro o permitiu”, considerou.
Miguel Alves apresentou a demissão esta quinta-feira, no dia em que foi noticiado pelo Observador que é acusado pelo Ministério Público.