Parlamento Europeu aprova classificação "verde" para projetos de gás natural e nuclear
06-07-2022 - 12:05
 • Joana Azevedo Viana com agências

Maioria dos eurodeputados aprova proposta da Comissão Europeia, que ainda pode ser revertida se 72% dos Estados-membros se opuser ao projeto até ao próximo domingo.

Uma maioria de eurodeputados aprovou esta quarta-feira um plano da Comissão Europeia para dar "rótulo verde" a investimentos em gás natural e energia nuclear, classificando-os como sustentáveis.

O executivo comunitário tinha proposto adicionar centrais de gás natural e nucleares à chamada taxonomia da UE, uma lista de atividades económicas que os investidores podem rotular e comercializar como "verdes".

"Uma vez que a Comissão acredita que o investimento privado em gás e atividades nucleares tem um papel na transição verde, propôs a classificação de certas atividades de gás fóssil e energia nuclear como atividades transitórias que contribuem para a mitigação das alterações climáticas", refere o PE em comunicado.

"A inclusão de de determinadas atividades de gás e nucleares é limitada no tempo e depende de condições específicas e requisitos de transparência", é adiantado no mesmo documento,

A controversa proposta do executivo comunitário expôs grandes fraturas entre Estados-membros sobre a melhor forma de combater as alterações climáticas.

Esta quarta-feira, numa entrevista à Renascença anterior à votação, a eurodeputada do Bloco de Esquerda Marisa Matias acusou a UE de tentar "lavar" a imagem de alternativas energéticas "altamente poluentes" como o gás natural.

"Não se pode permitir alargar desta forma a taxonomia, porque significa não só atrasar os objetivos do combate às alterações climáticas, como fazer uma lavagem de todos os princípios e acabar por aceitar energias altamente poluentes e que temos que começar a abandonar.”

O Conselho da UE ainda pode rejeitar o resultado das votações de hoje. Para tal, é preciso que até à meia-noite de 11 de julho 72% dos países da UE (20 dos 27) se oponham a esta medida, desde que estes representem pelo menos 65% da população do bloco (cerca de 290 milhões de pessoas).