Cuidando das crianças santomenses durante a pandemia
05-01-2021 - 06:47
 • Kátia Silva*

São Tomé e Príncipe registou pouco mais de mil casos e 17 mortes por Covid-19. Uma jovem mãe e educadora fala da experiência da pandemia neste pequeno país lusófono.

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A pandemia em São Tomé e Príncipe teve início no mês de março e, até lá, as pessoas não acreditavam que o vírus poderia chegar ao país e se chegasse, não resistiria devido ao clima que temos.

O surgimento da pandemia foi de uma maneira estranha, fazendo com que as pessoas duvidassem da doença. Isto porque os primeiros casos foram em pessoas que nunca viajaram e que não tinham tido contacto com infectados.

Uma parte das pessoas não apresentavam sintomas, mas os testes eram positivos

As pessoas começaram a fazer muito uso de chás tradicionais, sumos de laranja, limão, e também o uso intensivo das máscaras, distanciamento social higienização das mãos.

Eu conheço algumas pessoas que tiveram sintomas da doença e elas se trataram em casa com chás e outros medicamentos tradicionais.

Pessoalmente a pandemia afetou-me no meu lado materno, isto porque tenho filhos ainda crianças inocentes e eu tive muito medo de que o vírus chegasse até eles, então comecei a prevenir dando-lhes chás tradicionais e também começamos a fazer muito uso de sumo de laranja, limão e gengibre.

As medidas adotadas pelo estado passavam pelo aconselhamento do uso intensivo das máscaras, estabeleceram regras em algumas repartições públicas, principalmente nos atendimentos, diminuição do número elevado número de pessoas nos transportes públicos.

No meu local de trabalho adotamos várias regras para diminuição dos riscos: reduzir o número dos alunos na sala, antes tínhamos no máximo 54 crianças na sala agora só temos 30; higienização das mãos; o uso das máscaras obrigatórias para os auxiliares e educadores; a diminuição dos horários.

O estado ordenou o confinamento e a maioria das pessoas respeitou, mas outras não, porque não acreditavam na doença. Em março pararam os táxis, as escolas fecharam, os mercados e também foram proibidas as vendas na rua. Muitas pessoas começaram a fazer máscaras em casa para vender, outras faziam pão e a agricultura para consumo próprio cresceu.

Foram atribuídos cabazes de géneros alimentares a pessoas carenciadas e um ordenado mínimo às pessoas que foram obrigadas a parar a sua atividade, uma verba de 1.725 dobras (42 euros).

Quanto a economia, o Governo ao saber das gravidades causadas pelo vírus nos países estrangeiros, e visto que o país depende muito das ajudas externas, dedicou-se a investir na agricultura. Nós estamos muito dependentes das importações em produtos como arroz, feijão, massa, óleo vegetal, salsicha, fiambre, leite e produtos desse género.


*Kátia Silva é uma jovem mãe e estudante de educação de infância que vive em Neves, no distrito de Lembá, na ilha de São Tomé. Este postal foi conseguido graças à ajuda do Grupo Missionário Casa Fiz do Mundo, das paróquias de Carregosa, Vila Cova de Perrinho e Chave, da Diocese do Porto.