Avião militar russo sobrevoou Portugal e fotografou áreas estratégicas
19-09-2019 - 19:39
 • Ana Rodrigues

Voos acontecem ao abrigo do tratado de controlo de armamento "Open Skies". Avião regressa esta sexta-feira à Rússia.

Um avião militar russo sobrevoou Portugal continental e o arquipélago dos Açores, durante esta semana, para fotografar áreas estratégicas.

A aeronave – um Tupolev 154, de fabrico soviético – chegou a Lisboa na segunda-feira e regressa à Rússia esta sexta-feira, confirmou à Renascença o Estado-Maior-General das Forças Armadas.

Durante a missão em Portugal, executou dois segmentos de voo. No primeiro, descolou de Lisboa, na quarta-feira, em direção ao arquipélago dos Açores, onde “executou fotografia sobre as ilhas”, tendo a tripulação pernoitado na ilha de Santa Maria.

No segundo segmento, esta quinta-feira, descolou do aeroporto de Santa Maria em direcção a Lisboa, tendo fotografado o território continental. Ao final de quinta-feira, a aeronave estava parqueada no Aeroporto Militar de Figo Maduro, estando a ser reabastecida e preparada para o regresso à base.

O voo realiza-se no âmbito do tratado de controlo de armamento "Open Skies", assinado em 1992 pelos membros da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), da qual Rússia e Portugal fazem parte.

Segundo este tratado, as forças aéreas dos países signatários podem realizar voos de reconhecimento sobre os territórios de outros membros e recolher informações militares. Estas ações de vigilância acontecem pelo menos uma vez por ano.

Postura dos russos foi “extremamente profissional e não hostil”

“Como se pode constatar pelo espírito do tratado, não são ações de vigilância mas missões de verificação e observação aérea, onde a postura dos militares da Federação Russa é extremamente profissional e não hostil”, explica o gabinete do Estado-Maior-General das Forças Armadas, em resposta escrita à Renascença.

O "Open Skies" tem, entre os seus objetivos, “melhorar a abertura e transparência e facilitar a verificação de controlo de armamentos” e “contribuir para o desenvolvimento e o reforço da paz”.

De acordo com a mesma fonte, Portugal tem uma “quota passiva” – pode receber dois voos por ano, sendo que cada país não pode gastar mais de 50% da quota – e uma “quota ativa” de um voo por ano, que pode exercer sobre a Bielorrússia, a Federação Russa, a Ucrânia, a Bósnia-Herzegovina e a Geórgia, todos Estados que não pertencem à NATO.

Só em 2018, a Força de Defesa Aeroespacial russa detetou e escoltou 980 mil aparelhos aéreos (aviões e drones). Desses, 3.000 eram aeronaves militares estrangeiras, contabilizou a Renascença.