Santa Maria no limite. “Os cidadãos são os únicos que podem reverter esta tendência”
18-01-2021 - 09:14
 • Marta Grosso , Anabela Góis (entrevista)

Em entrevista à Renascença, o presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar Lisboa Norte defende o fecho das escolas e deixa um aviso: a manter-se a tendência de aumento de casos, “prevemos que não haja capacidade de atendimento para todos”.

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“Já ultrapassámos o limite”, afirma Daniel Ferro, presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar Lisboa Norte (de que faz parte o Hospital Santa Maria), nesta segunda-feira, um dia depois de os números de casos de Covid-19 e internamentos terem aumentado.

“O limite previsto para o atendimento Covid já foi esgotado. A mobilização de recursos e outros meios começa a não ter mais margem”, reconhece, em entrevista ao programa As Três da Manhã.

Neste momento, adianta, estão internados no Hospital de Santa Maria “206 doentes”.

“Os cidadãos são os únicos que podem reverter esta tendência e se estas medidas [do Governo] não surtirem efeitos, não conseguiremos atender toda a gente”, avisa.

Santa Maria tem “mais 30/40 vagas”, mas poucos meios para a resposta. “Os profissionais que estão no mercado estão todos mobilizados, seja por entidades públicas seja por entidades privadas. Estão sob esforço, estão a fazer muitas horas extraordinárias, não gozam folgas ou férias, estão a sacrificar-se nos seus direitos por toda esta situação, mas o risco é não haver resposta”.

E, por isso, Daniel Ferro reforça: “é uma responsabilidade de todos nós o cumprimento rigoroso” das medidas estipuladas pelo Governo e autoridades sanitárias. “A infeção vai continuar a proliferar e os efeitos, se se mantiver a tendência, é que todos seremos vítimas disso”.

Encerramento das escolas?

O presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar Lisboa Norte defende o encerramento de escolas.

“Não existe uma evidencia muito clara, com realidades muito diferentes de país para país, mas algum efeito haverá”, começa por dizer.

“Se for uma suspensão breve, o ano letivo pode não correr grande risco e todo o efeito que se possa obter neste momento é positivo”, concretiza.

O Governo avalia, nesta segunda-feira, as medidas definidas para o segundo confinamento geral e a contenção da pandemia.

A evolução de número de infeções pelo novo coronavírus, os consequentes internamentos e as mortes associadas levaram o Governo a convocar um Conselho de Ministros extraordinário.

A Renascença sabe que o executivo pondera proibir a venda de bebidas à porta dos estabelecimentos comerciais para evitar aglomerados, por exemplo, à porta de cafés. Deverá ainda ser avaliada a abertura dos ATL para crianças até aos 12 anos – isto, numa altura em que começa a ganhar força a possibilidade das escolas funcionarem em regime misto.