​Ventilador português já está a ser testado em animais e humanos
04-04-2020 - 16:51
 • Sandra Afonso

O "Atena" é o resultado do trabalho conjunto de 106 engenheiros de várias áreas e foi desenvolvido numa parceria entre o Centro de Engenharia para o Desenvolvimento de Produto e a Escola de Medicina da Universidade do Minho.

O ventilador português "Atena" já está construído e atualmente em fase de testes em "pulmões artificiais". É um dos dois ventiladores que estão a ser desenvolvidos em Portugal e deverá estar pronto para entrega até ao final do mês, altura em que esperam ter prontas 100 unidades.

O Atena é o resultado do trabalho conjunto de 106 engenheiros de várias áreas: intensivistas, pneumologistas, anestesistas e internistas de hospitais públicos e privados do Norte e Sul do país. É uma parceria entre o CEiiA – Centro de Engenharia para o Desenvolvimento de Produto, e a Escola de Medicina da Universidade do Minho.

O ventilador foi construído em três semanas. Está neste momento na fase de "protótipo funcional", e já está a ser submetido a testes "com pulmões artificiais, cumprindo todos os requisitos funcionais definidos para o tratamento de doentes em falência respiratória aguda".

“Os testes realizados em modelos mecânicos revelaram que o produto desenvolvido tem características que se comparam às dos ventiladores usados em unidades de cuidados intensivos”, diz José Miguel Pêgo, Médico e Professor da Escola de Medicina da Universidade do Minho.

Segundo os responsáveis pelo projecto, o Atena equipara-se aos ventiladores mais avançados e complexos, "os chamados invasivos, propondo uma arquitetura simples que permita a montagem rápida e a produção descentralizada. Têm capacidade para "responder à doença respiratória aguda, emitir alarmes críticos à monitorização do paciente, funcionar a partir da rede de gases hospitalar ou de botijas (versão portátil)."

Os autores sublinham ainda a "utilização fácil e intuitiva" dos aparelhos, fáceis de movimentar e simples de limpar e descontaminar. O funcionamento contínuo, sem falhas, está garantido "por um período mínimo de 15 dias, 24 horas por dia" e deverá ser compatível com outros componentes médicos.

Está prevista uma primeira produção, até ao final de abril, de 100 unidades. Em maio, o CEiiA deverá produzir mais 400 ventiladores. A partir daí, o objetivo é atingir 10 mil unidades.

O projeto conta com vários apoios, os primeiros chegaram da Fundação EDP, Fundação Calouste Gulbenkian, Fundação La Caixa/BPI e REN.

Outro ventilador em desenvolvimento

Em Portugal está a ser desenvolvido ainda o Pneuma, um ventilador alternativo, para situações de emergência, que surgiu de um movimento lançado nas redes sociais por um estudante de neurociências, João Nascimento.

Chama-se projeto Open Air, tem como base o conceito de propriedade intelectual aberta e o facto de ser barato e fácil de montar. Está a ser desenvolvido com a coordenação do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (Inesc Tec) e da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP).