Papa "magoado" com decisão turca de transformar Santa Sofia em mesquita
12-07-2020 - 12:29
 • Aura Miguel

Francisco diz-se triste com a decisão de transformar em mesquita aquela que já foi a maior catedral do Cristianismo.

O Papa Francisco está magoado com decisão da Turquia em transformar o museu de Santa Sofia (Hagia Sophia) em mesquita.

No final da oração do Angelus deste domingo, após uma saudação a propósito da jornada internacional do mar, Francisco afirmou: ”o mar leva o meu pensamento mais longe… até Istambul. Penso em Santa Sofia e estou magoado”.

Construída no século VI, a antiga basílica, que já foi a maior catedral do Cristianismo, foi convertida em mesquita no século XV, após a captura de Constantinopla em 1453 e viria a ser transformada num museu em 1934.

Os muçulmanos mais conservadores nunca aceitaram bem a mudança de estatuto, que agora foi revertida pelo Conselho de Estado. O mais alto tribunal administrativo da Turquia declarou que o edifício volta a ser mesquita a partir de 24 de julho, sexta-feira.

A postura de Erdogan tem preocupado a comunidade internacional, na medida em que tem levado a uma postura mais hostil nas relações com os países vizinhos e a um clima de crescente islamização da sociedade e da vida política no país, com consequências para as comunidades cristãs e de outras minorias religiosas que vivem na Turquia.

Conselho Mundial de Igrejas "triste e consternado"

O Papa Francisco junta-se assim a outros líderes cristãos que têm manifestado a sua tristeza com a decisão de Erdogan e do Governo turco.

Depois do Governo Grego e da Igreja Ortodoxa da Rússia, no sábado foi a vez do Conselho Mundial de Igrejas, que reúne 350 confissões cristãs, reagir com “tristeza e consternação” à alteração.

O secretário-geral da organização, Ioan Sauca, que é membro da Igreja Ortodoxa da Roménia, escreveu a Erdogan lamentando que assim a Hagia Sophia deixe de ser “um lugar de abertura, de encontros e inspiração para pessoas de todas as nações e religiões”.

A decisão de transformar o edifício num museu era, diz, uma prova da adesão à laicidade da Turquia e “o seu desejo de deixar para trás os conflitos do passado”, sendo por isso de lamentar que Erdogan tenha “invertido esse sinal positivo da abertura da Turquia, para torná-lo um sinal de exclusão e divisão”.

[Notícia atualizada às 13h17]