Abusos sexuais na Igreja são oportunidade "para discutir fim do celibato obrigatório"
25-02-2019 - 11:27

Henrique Raposo e Jacinto Lucas Pires analisam esta segunda-feira a histórica cimeira promovida pelo Papa Francisco sobre abusos sexuais e a situação política e humanitária na Venezuela.

Henrique Raposo considera que o facto de Francisco ser um Papa jesuíta – “o primeiro da história” – é essencial para que a reunião sobre abusos sexuais no seio da Igreja Católica tenha acontecido.

Na opinião deste comentador, “a Igreja tem de deixar de reagir”, de estar “na defensiva” e passar para “a dianteira”.

“A questão da pedofilia é mais uma ferramenta para discutirmos o fim do celibato obrigatório. Sempre defendi o fim do celibato obrigatório. Há provas que o celibato, a partir de uma certa idade, é fator de risco adicional. Não é a causa da pedofilia, obviamente, mas a idade média do abusador dentro da Igreja é os 39 anos. É sinal de que os teus primeiros anos de sacerdócio correm bem, mas depois chega um ponto em que aquela prisão do celibato pode ser um fator de risco adicional”, sustenta Henrique Raposo.

Jacinto Lucas Pires considera que foi “uma grande coragem do Papa Francisco fazer esta cimeira” e que só trazendo as vítimas para o centro da questão “é que se percebe como é que o combate deve ser feito”.

Quanto à difícil situação que se vive na Venezuela, Henrique Raposo teme que se caminhe para uma guerra civil, visão partilhada por Lucas Pires, para quem estamos na “iminência de uma guerra que ninguém quer e que pode durar como na Colômbia”.