Costa dramatiza discurso e ataca falta de "compromissos concretos" de Rio
21-01-2022 - 23:10
 • Susana Madureira Martins

Na passagem pelas Beiras, o líder socialista foi lá atrás a setembro para avisar sobre a "experiência muito dolorosa" das autárquicas em que as sondagens davam bons resultados ao partido: houve quem acordasse "surpreendido porque afinal o PS não tinha ganho esta ou aquela câmara”

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Com a aproximação do dia de voto antecipado, no domingo, o tom da campanha socialista começa a radicalizar-se - contra o PSD e Rui Rio, com as letras todas - e a agitar com o fantasma das eleições autárquicas de setembro, em que as sondagens eram maioritariamente favoráveis em diversos concelhos e o PS acabou por sair derrotado.

De passagem pela Guarda e por Castelo Branco, António Costa atirou a Rui Rio, acusando o programa eleitoral do PSD de ser "um bocado como aqueles contratos de seguros onde é preciso ler aquelas letras pequeninas que habitualmente nos apanham numa distração".

Carregando nas tintas, num auditório do Instituto Politécnico da Guarda à pinha, no limite da segurança em pandemia, o líder socialista queixou-se da falta de compromissos de Rio na campanha, "onde não diz nada do que efetivamente quer fazer".

Puxando da ironia, Costa acusou mesmo Rio de limitar-se "a passear pelas ruas, a sorrir a ser simpático, a acenar e depois quanto a falar de políticas em concreto, falar do quer efetivamente fazer, quais são os compromissos que efetivamente assume, está quieto, não assume nenhum compromisso".

Costa deu como exemplo a posição do líder do PSD sobre a redução do IRS, que não é uma prioridade. Em vez disso, Rio tem como prioridade a baixa do IRC para as empresas.

Costa pergunta: e os compromissos de Rio?

Mais tarde, em Castelo Branco, António Costa voltou à carga: acusou o líder social-democrata de fazer da campanha eleitoral “um conjunto de arruadas onde num sítio se toca bombo noutro dia se joga a raspadinha e pelo caminho dá duas graçolas".

Em contraposição, o líder do PS defendeu que "a campanha é um momento de grande mobilização, de grande alegria". E rematou: os "responsáveis políticos têm o dever de falar cara a cara olhos nos olhos com os cidadãos e dizer-lhes o que se propõem fazer, assumirem os compromissos concretos" que têm para assumir.

A estratégia de apoucar a campanha social-democrata continuou com Costa a acusar o programa eleitoral do PSD de ser "um bocado como aqueles contratos de seguros onde é preciso ler aquelas letras pequeninas que habitualmente nos apanham na distração".

“É por isso que o doutor Rui Rio, não sei se já repararam faz uma campanha eleitoral onde não diz nada do que efetivamente quer fazer", acrescentou ainda.

Puxando dos galões de estar como primeiro-ministro há seis anos, António Costa disse que quem "não acredita que vai ser governo nem primeiro-ministro pode prometer o que bem lhe apetecer, porque ninguém lhe vai pedir contas se cumpriu ou não cumpriu".

Como concorreu "sempre a primeiro-ministro com a certeza de que voltaria a ser primeiro-ministro para responder pelos compromissos", Costa diz que "nunca" prometeu "nada que não soubesse que pudesse fazer" e que "nunca" deixou "de fazer aquilo" que prometeu. A tal máxima da palavra dada, palavra honrada que vem desde 2015.

Tudo isto para apelar ao eleitorado que no dia 23 - o do voto antecipado - ou no dia 30, é preciso ir votar", porque no PS ainda mexe aquela dor de costas provocada pela "experiência muito dolorosa ainda há pouco tempo nas eleições autárquicas".

Costa acena com o fantasma das sondagens favoráveis ao PS, alertando que esses que nas autárquicas acharam "que não era necessário votar no PS" e a partir daí "acordaram surpreendidos porque afinal o PS não tinha ganho esta ou aquela câmara".