Trabalhadores judiciais “assustados”. Temem novo colapso do Citius
05-11-2016 - 11:46

No programa Em Nome da Lei da Renascença, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Judiciais diz que já avisou a ministra da Justiça. A bastonária da Ordem dos Advogados acusa os Tribunais de falta de cultura democrática.

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O colapso da plataforma informática Citius pode repetir-se já em Janeiro, avisa o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Judiciais, Fernando Jorge, no programa Em Nome da Lei da Renascença.

O que aconteceu em 2014, quando desapareceram milhares de processos da plataforma informática da Justiça, pode voltar a acontecer por causa das alterações feitas pela actual ministra da Justiça, Francisca Van Dunem, no mapa judiciário, receia Fernando Jorge.

“Em Janeiro vamos ter outra transferência de processos. Vai haver uma nova reorganização judiciária, com a desmultiplicação, e bem, de alguns tribunais de família, nomeadamente com a alteração das designações e os processos vão ter que ser outra vez transferidos informaticamente”, explica.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Judiciais está “assustado” com a possibilidade de um novo bloqueio da plataforma Citius e diz que já avisou a ministra da Justiça.

“Nós estamos assustados, porque aquilo que aconteceu em 2014, que foi muito grave, pode voltar a acontecer. Já alertámos o Ministério da Justiça, esperemos que estejam a cuidar dessa situação. Há uma equipa de informática que está sedeada em Coimbra e que deve estar virada para isso, mas normalmente aqui há uma lógica política. Essa equipa com quem falámos há cerca de um mês, um mês e meio, não tinha ainda indicações nenhumas para trabalhar nesta nova necessidade que existe de transferência de processos, porque estava entretida com alterações no Tribunal de Sintra”, lamenta o sindicalista.

Bastonária denuncia falta de cultura democrática nos tribunais

Em debate no programa Em Nome da Lei deste sábado esteve também a má imagem que os portugueses têm da Justiça, de acordo com um estudo feito pela Deco.

A actual bastonária da Ordem dos Advogados, Elina Faga, acusa os Tribunais de falta de cultura democrática. Apesar das garantias legais, continuam a ser práticas o adiamento de julgamento e arrolar “dez testemunhas para a mesma hora, como se fosse possível ouvir dez pessoas numa hora”.

“Continua a haver falta de meios, continua a não haver capacidade de resposta e continua a haver uma denegação da justiça em que, muitas vezes, a classe média não tem capacidade de recorrer ao sistema de justiça para dirimir os seus litígios”, descreve Elina Fraga no programa Em Nome da Lei da Renascença.

A bastonária admite que contribui para a imagem de falta da independência da Justiça haver tantos deputados que defendem também interesses privados, enquanto advogados.