A recuperação
04-06-2021 - 06:10

São cada vez em maior número os indicadores que apontam para uma forte recuperação económica a partir deste segundo trimestre do ano.

E se o controlo da pandemia e a vacinação continuarem nos mesmos termos em que se encontram hoje, podemos contar com uma recuperação muito significativa, embora não total, do turismo a partir do 2º semestre. No fundo, está a verificar-se o que a maioria dos economistas esperava, ou seja que a recuperação económica se processaria rapidamente uma vez a pandemia controlada. Podemos assim esperar que a maior parte do que se perdeu em 2020 possa ser recuperada em 2021.

No entanto, há algumas limitações que não deverão ser esquecidas. Em primeiro lugar, a recuperação só se consolidará se a pandemia não se descontrolar de novo (o maior risco poderá vir de novas variantes).

Em segundo lugar, vai ser necessário a partir do próximo ano ou mesmo do 2º semestre deste desmantelar gradualmente as medidas excepcionais que foram tomadas para aguentar o aparelho produtivo sem produzir. Aqui obviamente o problema mais delicado é o das moratórias. Mas está ao nosso alcance lidar com este e os outros problemas desde que haja gradualismo e bom senso. A entrada do dinheiro comunitário no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência facilitará este desmantelamento gradual.

Em terceiro lugar, embora o desemprego não tenha aumentado tanto como se previa, é provável que ainda se mantenha no final do ano uma taxa de desemprego superior à que tínhamos antes da pandemia. É natural que assim seja (o aumento do emprego vem em geral um pouco mais tarde do que o início da recuperação) e será necessário, portanto manter os apoios aos desempregados.

Em quarto lugar, recuperar da pandemia não é por si só entrar num período sustentado de crescimento a prazo. Aqui as nossas perspectivas já não são tão boas, uma vez que continuamos com sérias deficiências no nosso potencial de crescimento, que, evidentemente não vão ser corrigidas pela recuperação deste ano.