Rui Pinto admite ser denunciante no caso "Football Leaks"
17-01-2019 - 17:17
 • Renascença

Advogados de defesa do português de 30 anos detido na quarta-feira na Hungria vão opôr-se ao pedido de extradição da justiça portuguesa.

Rui Pinto, o alegado "hacker" que terá acedido aos e-mails do Benfica, assumiu ser um dos denunciantes no caso do "Football Leaks". Num comunicado enviado às redações, os advogados do português justificaram as suas ações.

"O Sr. Rui Pedro Gonçalves Pinto tornou-se num importante denunciante europeu no âmbito dos chamados Football Leaks, relembrando-se que muitas revelações feitas ao abrigo destas partilhas de informação estiveram na origem da publicação, durante vários anos, de notícias que deram lugar à abertura de muitas investigações em França e noutros países europeus", pode ler-se.

Os advogados Francisco Teixeira da Mota e William Bourdon defendem que Rui Pinto estava "indignado com práticas vigentes no desporto" e agiu para contrariar comportamentos que não "dignificam a comunidade dos jogadores, além de prejudicarem a imagem dos mesmos”.

A justiça portuguesa já emitiu um pedido de extradição para Rui Pinto, que foi detido na Hungria. Os advogados anunciaram que se vão opôr ao pedido e apontam para os critérios de proteção dos lançadores de alertas, "whistleblowers", presentes na legislação europeia.

"Não pode deixar de se notar, em particular, o incrível paradoxo que resulta da tentativa de criminalização do seu cliente, quando, na verdade, o seu gesto cívico e as suas revelações permitiram a numerosas autoridades judiciais europeias um avanço histórico no conhecimento das práticas criminosas no mundo do futebol", adicionou.

Os representantes de Rui Pinto confessam ainda que o cliente foi "ameaçado, sendo o seu silêncio o objetivo de muitos intervenientes no mundo do futebol".

Na quarta-feira, a Polícia Judiciária portuguesa anunciou que tinha sido "concretizada a detenção de um cidadão nacional de 30 anos de idade, sobre quem impendia Mandado de Detenção Europeu" e suspeito dos crimes de extorsão qualificada na forma tentada, acesso ilegítimo, ofensa a pessoa coletiva e violação de segredo a várias organizações.

Em conferência de imprensa, Carlos Cabreiro, porta-voz da PJ e diretor da unidade de combate ao ciber-crime, recusou ligar Rui Pinto, cujo nome não mencionou, ao "caso dos e-mails" do Benfica. "A extensão dos crimes e eventuais co-autorias ainda estamos a apurar. É um alvo que a PJ já tinha detetado e que está implicado no roubo de dados, mas é prematuro ligá-lo a qualquer alvo concreto", frisou.