Violência e indiferença
03-11-2017 - 13:00

Queremos saber se podemos acreditar no Estado, a quem confiamos a segurança nas ruas, a educação nas escolas, as queixas nas esquadras de Polícia

O sentimento de impunidade só podia ser total. De que outra forma se pode entender a agressão a que todos pudemos assistir, à porta de uma conhecida discoteca de Lisboa?

Perante dezenas de jovens, sentados e em movimento, perante telemóveis prontos a filmar e a relatar o que se estava a passar, tudo se passou, numa demonstração de violência gratuita a que ninguém pode ficar indiferente.

E aqui reside um aspecto que não pode ser ignorado. A indiferença generalizada, perante a violência física ou verbal, marca demasiadas vezes, o tempo que estamos a viver. Seja um jovem espancado à porta de uma discoteca, seja uma vizinha que grita por socorro, seja um idoso que se arrasta pela rua. Precisamos de estar atentos ao que se vai passar, não hoje e amanhã, mas daqui a muitos meses, naquela discoteca em concreto.

Mais uma vez, queremos saber se podemos acreditar no Estado, a quem confiamos a segurança nas ruas, a educação nas escolas, as queixas nas esquadras de Polícia... Mas precisamos igualmente de estar atentos ao que se passa todos os dias à nossa volta. Porque todos intuímos que a capacidade de nos indignarmos e de sermos consequentes é fundamental em qualquer sociedade, é decisiva na passagem das gerações a quem entregamos o futuro.

E aqui reside um ponto decisivo: tudo começa na Família e muito se consolida na Escola. Sem valores vividos e partilhados, sem Educação coerente e exigente, acabamos a ver jovens agredidos a pontapé e outros, assustados, a assistir.