ONU lança maior campanha de sempre para evitar catástrofe humanitária no Afeganistão
11-01-2022 - 15:27
 • Ricardo Vieira

Martin Griffiths, coordenador do auxílio de emergência, mostra-se particularmente preocupado com um milhão de crianças em situação de fome grave.

As Nações Unidas lançaram esta terça-feira a maior campanha de financiamento humanitário a um único país, destinada a ajudar a população do Afeganistão durante o ano de 2022.

A ONU diz que são necessários cerca de 5 mil milhões de dólares, o equivalente a cerca de 4,4 mil milhões de euros.

Para financiar o Pacto de Resposta Humanitária para o Afeganistão é preciso 3,9 milhões de euros e para o auxílio aos refugiados e deslocados mais 550 milhões de euros.

“Hoje, estamos a lançar um apelo de 4,4 mil milhões de dólares para 2022. Este é o maior pedido para um único país para assistência humanitária e é três vezes o montante necessário e angariado em 2021”, disse esta terça-feira em Genebra Martin Griffiths, secretário-geral adjunto da ONU para os assuntos humanitários e coordenador do auxílio de emergência.

Filippo Grandi, alto-comissário das Nações Unidas para os refugiados, diz que são precisos mais 550 milhões para ajudar refugiados e comunidades deslocadas em cinco países, ao abrigo do Plano de Resposta Regional para os Refugiados do Afeganistão.

As agências das ONU consideram a situação humanitária no Afeganistão como uma das crises em maior crescimento, neste momento, no mundo, após a tomada do poder pelos rebeldes talibã, no final de agosto do ano passado.

Metade da população afegã sofre de fome aguda, mais de nove milhões de pessoas estão deslocadas e milhões de crianças deixaram de ir à escola.

Martin Griffiths, secretário-geral adjunto da ONU para os assuntos humanitários e coordenador do auxílio de emergência, mostra-se particularmente preocupado com um milhão de crianças em situação de fome grave.

“Um milhão de crianças - os números são tão duros e difíceis de entender quando são desta dimensão - mas um milhão de crianças em risco desse tipo de malnutrição se essas coisas não acontecerem, é chocante”, afirma Martin Griffiths.

O responsável garante que o dinheiro não vai para as mãos do novo governo talibã e alerta que, para o próximo ano, a necessidade de financiamento vai duplicar para 10 mil milhões de dólares.