Como fazer a economia crescer? As ideias que separam esquerda e direita
18-01-2022 - 19:02
 • Manuela Pires , Daniela Espírito Santo José Luís Moreira (sonorização)

Todos os partidos querem fazer crescer a economia, mas as estratégias para lá chegar diferem muito. Neste Em Nome do Voto, dois diretores de escolas de economia - Daniel Traça, diretor da Nova SBE (School of Business and Economics) e Filipe Santos, Professor e diretor da Católica Lisbon School of Business & Economics discutiram os dois modelos económicos, de esquerda e direita.

O crescimento da economia faz-se pelo aumento de salários (com redução de IRS) ou pelo aumento da produção e descida do IRC? Essa é uma das questões fundamentais a dividir esquerda e direita, e foi essa a questão discutida no Em Nome do Voto, o podcast de campanha eleitoral da Renascença.

Dois diretores de escolas de economia - Daniel Traça, diretor da Nova SBE (School of Business and Economics) e Filipe Santos - Professor e diretor da Católica Lisbon School of Business & Economics discutiram os dois modelos económicos.

Daniel Traça diz que é preciso ajudar as empresas a investir, mas não é só pelos impostos. “É preciso de facto trabalhar o IRC, mas não é só uma questão de IRC. É também pôr a Justiça a funcionar melhor, o Estado a funcionar melhor para que as empresas tenham mais facilidade e mais interesse em investir, as empresas portuguesas e as empresas estrangeiras”, considera.

Ainda assim, o economista diz que é importante também baixar impostos dos cidadãos. “Com esse crescimento vai-se aumentar os salários, essa é a principal alavanca para aumentar os salários, mas também é verdade que a carga fiscal hoje em Portugal é muito elevada, faz com que muitas pessoas em Portugal ou não queiram trabalhar ou então vão trabalhar para fora e portanto também tem de se trabalhar na carga fiscal das pessoas”.

Filipe Santos, da Católica Lisbon School of Business & Economics, considera que a simplificação da realidade em dois modelos estanques, esquerda e direita, não ajuda ao debate, uma vez que são necessárias soluções inteligentes, com algumas nuances, que por vezes combinam soluções dos dois modelos.

O economista diz que, para fazer crescer a economia, só há dois caminhos e a demografia é um deles. “Só há duas soluções: ou o aumento da produtividade ou o aumento do número de pessoas no mercado de trabalho a produzir. Aí temos indicadores futuros péssimos, temos uma demografia que vai levar à perda de centenas de milhares em idade ativa. Temos de inverter isto - ou pelo aumento da natalidade ou pelo saldo migratório positivo. Devíamos estar a olhar para as duas questões”, considera.

Já quanto à produtividade, Daniel Traça diz que esse é o “grande tema da década”: como é que se faz crescer a produtividade em Portugal. Questionado qual o caminho para lá chegar, o diretor da Nova SBE diz que “em economia é muito difícil dizer que está certo um lado ou o outro. Eu acho que tem que ser uma mistura destas duas receitas”, pelo lado dos salários e das empresas. “De facto, a melhor forma de aumentar o rendimento líquido dos portugueses neste momento é promover a criação de emprego e a vontade de trabalhar. Seria reduzir substancialmente o IRS, em particular para a classe média”, defende.

Para o economista, “a fiscalidade está a distorcer o mercado do trabalho e a puxar os salários para baixo”.

Neste episódio do podcast Em Nome do Voto, ainda a análise de José Alberto Lemos ao debate com os nove partidos com assento parlamentar. O investigador Nuno Palma, do Media Lab do ISCTE, olha para as reações no Twitter, o segundo ecrã do debate.