Patrões portugueses são os menos instruídos da União Europeia
10-10-2018 - 09:48

Estudo da Pordata revela também que os trabalhadores por conta de outrem trabalham uma média de 35 horas semanais. A média na União Europeia é de 30 horas.

Portugal é o país com mais patrões sem o ensino secundário ou superior. Mais de metade dos empregadores portugueses, 54,5%, não tem escolaridade acima do ensino básico. É o valor mais alto da União Europeia, segundo revela o estudo da Pordata que retrata Portugal em 2018.

O estudo, "Retrato de Portugal na Europa: Edição 2018", mostra que o número de patrões com escolaridade básica é bem acima da média europeia, que se situa nos 16,6%. Do outro lado, os trabalhadores portugueses por conta de outrem também são os menos instruídos entre os 28 países da UE: 43,3% destes trabalhadores não tem o ensino secundário ou superior, enquanto que a média europeia está nos 16,7%.

Ainda na área do emprego e do trabalho, os trabalhadores portugueses trabalham mais cinco horas semanais que o resto da Europa. A média está nas 30 horas de trabalho por semana, e os portugueses trabalham 35,6. Ainda assim, não são os que trabalham mais. Essa "honra" vai para a Polónia, onde se trabalha uma média de 38,5 horas semanais.

Além disso, Portugal é dos países com maior percentagem de trabalhadores com contrato de trabalho temporário. No total dos trabalhadores, 22% dos portugueses trabalha sob esse tipo de contrato, enquanto que a média dos 28 países da UE está nos 14,3%. Está no terceiro lugar neste indicador, atrás apenas da Espanha e da Polónia.

As mulheres estão também mais desempregadas do que os homens. 9,4% das mulheres não têm emprego, acima da média europeia de 7,9%. Já nos homens, a diferença é um pouco menor: 7,4% dos homens europeus estão desempregados e os portugueses chegam aos 8,4%.

O estudo foi apresentado em Bruxelas na terça-feira, no mesmo dia em que a Fundação Francisco Manuel dos Santos, que inclui a Portadata, recebeu no Parlamento Europeu o prémio de Cidadão Europeu, atribuído a pessoas ou entidades que ajudem a cooperação transfronteiriça ou que apoiem a compreensão na União Europeia.

Um país a viver mais e a envelhecer

Nos indicadores relativamente à população, os dados confirmam as preocupações dos governantes relativamente à baixa taxa de natalidade. É que, segundo o estudo da Pordata, 20,9% da população portuguesa tem 65 anos ou mais. Tendo em conta que o país tem pouco mais de dez milhões de habitantes, isto quantifica-se em pouco mais de 2 milhões de portugueses dentro desta faixa etária. A média da Europa não é muito melhor: 19,3% da população europeia tem 65 anos ou mais.

Para cada 100 jovens com menos de 15 anos, existem 149 idosos. Somos o terceiro país com mais idosos por cada 100 jovens, atrás da Grécia e da Alemanha.

O número de filhos que, em média, cada mulher tem não ajuda a intenção em rejuvenescer a população. Portugal é dos países com menos filhos por mulher. Mais uma vez no terceiro lugar do pódio, as mulheres portuguesas têm, em média, 1,36 filhos; as mulheres em Espanha e Itália têm 1,34 filhos, ligeiramente menos. A média da União Europeia mantém a tendência de envelhecimento populacional, porque fica-se pelos 1,6 filhos.

As mulheres portuguesas, em média, têm filhos aos 31,1 anos, um pouco acima do resto da Europa (30,6 anos).

Fruto das melhorias nas condições de saúde desde 2002, a esperança média de vida à nascença subiu consideravelmente. O estudo não faz a distinção do indicador entre homens e mulheres, mas indica que os portugueses têm uma esperança média de vida à nascença de cerca de 81 anos, que é a média europeia.

Há médicos com fartura, mas faltam mulheres na polícia

Na saúde, Portugal tem indicadores que contrastam entre si. Se é um facto que Portugal é dos países com menos camas de hospital por cada 100 mil habitantes - está no 22º lugar, com apenas 342, enquanto que a França tem 806 -, também somos dos países com mais médicos disponíveis para a população. Portugal tem 480 médicos para cada 100 mil habitantes; está no quarto lugar e o primeiro é a Grécia, que tem 659. No fundo está o Reino Unido, com 276.

Já na segurança, o nosso país está nos seis países com mais polícias por cada 100 mil pessoas, com 452. Um indicador liderado de longe pelo Chipre, que tem 581. No entanto, apenas 7,5% da força policial portuguesa é composta por mulheres, o segundo pior número dos 24 contabilizados e apenas atrás de Itália. Na Lituânia, por outro lado, 36,1% dos polícias são mulheres.

Outros dados que o estudo revela relativamente à posição de Portugal comparada com os outros países da Europa são, por exemplo, a taxa de risco de pobreza. 19% da população portuguesa está em risco de pobreza, mesmo depois das transferências sociais. Está a meio da lista liderada pela Roménia, com 25,3% da população em risco de pobreza.

Além disso, Portugal é o país com o preço mais caro de eletricidade, dividindo o primeiro lugar com os alemães.