A série de 13 meses consecutivos em que a temperatura média global à superfície da Terra fixou novos recordes "terminou, mas apenas por um triz", sublinhou a diretora-adjunta do Serviço Copernicus para as Alterações Climáticas (C3S), Samantha Burgess, em comunicado.
O boletim mensal do C3S sublinhou que em julho a temperatura média foi de 16,91 graus Celsius (ºC), apenas 0,04°C inferior ao anterior recorde de julho do ano passado.
O Copernicus alertou para novos recordes de temperatura na Grécia e no Japão e para uma vaga de calor que provocou 21 mortos em 24 horas em Marrocos, onde se registaram 48°C.
O calor foi particularmente elevado no oeste dos Estados Unidos e no Canadá, na maior parte de África, no Médio Oriente e na Ásia, bem como no leste da Antártida e na Europa, continente que registou o segundo julho mais quente, depois de julho de 2010.
O mês passado foi 1,48°C mais quente do que um julho normal para o período de 1850-1900, antes dos seres humanos começarem a libertar para a atmosfera gases com efeito de estufa em massa.
"O contexto geral não mudou: o nosso clima continua a aquecer", sublinhou Burgess.
"Os efeitos devastadores das alterações climáticas começaram muito antes de 2023 e vão continuar até que as emissões globais de gases com efeito de estufa atinjam a neutralidade carbónica", acrescentou.
Além das ondas de calor, foram registados em julho inundações recorde no Paquistão e na China, furacões como o Beryl que atingiram as Caraíbas e os Estados Unidos, aluimentos de terra mortais no estado de Kerala, na Índia, e mega incêndios na Califórnia, no sudoeste dos EUA.
No mês passado, o mundo bateu o recorde do dia mais quente alguma vez registado a 22 e 23 de julho.
Também os oceanos, que absorvem 90% do excesso de calor gerado pelas atividades humanas, continuam a sobreaquecer.
A temperatura média dos oceanos em julho foi de 20,88°C, o segundo valor mensal mais elevado para este mês, apenas 0,01°C inferior ao recorde estabelecido em 2023, após 15 recordes mensais consecutivos.
O Copernicus demonstrou preocupação, porque seria de esperar uma queda maior à medida que o fenómeno climático 'El Niño', conhecido por aumentar a temperatura dos oceanos, chegasse ao fim.
O observatório sublinhou que as temperaturas na zona equatorial do Pacífico começaram a descer, "o que indica o desenvolvimento de um 'La Niña'", fenómeno de oscilação térmica que normalmente contribui para o arrefecimento do planeta.
Desde janeiro que a temperatura média global à superfície da Terra está 0,27°C mais quente do que no mesmo período de 2023, sublinhou o Copernicus. Seria necessário um declínio acentuado até ao final do ano para que 2024 terminasse abaixo do ano passado.
Mas "isto raramente aconteceu" desde o início das medições, "o que torna cada vez mais provável que 2024 seja o ano mais quente de que há registo", concluiu o observatório.