​Em nome da transparência
12-12-2016 - 13:12

O almirante Luís Fragoso nunca escondeu a sua condição de católico. Gostava de ter a certeza de que o factor religioso não contribuiu para a sua substituição.

A Marinha portuguesa tem desde sábado um novo Chefe de Estado-Maior. O Governo decidiu e o Presidente da República aceitou não renovar – porque era renovável – o mandato do Almirante Luís Fragoso.

As razões para a substituição do almirante Fragoso estão por explicar. E, tanto quanto se sabe, a decisão foi tomada - ou comunicada – sem explicações, em cima do final do mandato do antigo chefe de Estado-Maior da Armada. Isto é, sem o enquadramento e a preparação que as alterações na chefia de um ramo militar sempre requerem.

Com uma folha de serviços inatacável, o almirante Fragoso exerceu também as suas funções com enorme dignidade. Do primeiro ao último dia, mesmo quando confrontado com a inesperada substituição.

Para chefe de Estado-Maior da Armada, como para muitos outros cargos e funções, os governos encontrarão sempre um razoável leque de possibilidades. Pessoas com mérito, independentemente de convicções ideológicas, políticas, culturais ou religiosas.

Acontece que o almirante Luís Fragoso nunca escondeu ou disfarçou a sua condição de católico. Tal condição não deve implicar escolhas nem afastamentos. Mas por uma questão de transparência e na falta de outras explicações, gostava de ter a certeza de que o factor religioso não contribuiu para a sua substituição.