"Maior edição de sempre" das Correntes d’Escritas recebe 12 escritores premiados
31-01-2019 - 16:00
 • Maria João Costa

140 Escritores de 20 países participam na 20.ª edição do festival literário de expressão ibérica, na Póvoa de Varzim. Entre os autores contam-se três Prémios Camões, seis Prémios Saramago, dois Prémios Leya e um Prémio Cervantes.

Anuncia-se como a maior edição de sempre. Criado há 19 anos, o festival Correntes d’Escritas é hoje o maior e mais antigo festival literário do país. E para assinalar os seus 20 anos, a organização convidou 140 autores de 20 países para a sua próxima edição, cuja abertura, a 19 de fevereiro, contará com a presença de Marcelo Rebelo de Sousa, o Presidente da República que regressa uma vez mais ao evento organizado pela autarquia poveira.

De 16 a 27 de fevereiro, o Cine-Teatro Garrett, no coração da Póvoa de Varzim, será o epicentro do pulsar deste festival, que também se espalha pela cidade em exposições, sessões de poesia no mercado municipal, cinema, concertos e encontros dos autores com alunos das escolas do concelho.

Este festival, cujo modelo inspirou outros eventos do género que acontecem de norte a sul do país,, incluindo as ilhas, conta este ano com a presença de muitos autores que fizeram parte da sua história. Entre os 140 convidados estão alguns que participam desde as primeiras edições. Exemplo disso são escritores como Onésimo Teotónio Almeida, Manuel Alberto Valente, Manuel Rui ou Carlos Quiroga.

A conferência de abertura que terá lugar no dia 19, às 15h, estando este ano a cargo do Presidente da Conferência de Chefes de Estado e de Governo da CPLP. O atual Presidente de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, irá falar sobre “As letras da Língua e a Mobilidade dos Criadores na CPLP”. Eduardo Lourenço, Guilherme d’Oliveira Martins, João Lobo Antunes são alguns dos oradores que, no passado, assumiram esta que é a sessão que antecede as mesas de debate das Correntes d’Escritas.

Num ano em que a Revista Correntes d’Escritas presta homenagem à brasileira Nélida Piñon - que estará presente na 20.ª edição, onde lançará o livro “Uma Furtiva Lágrima” - no festival serão também lançados mais de 40 novos livros. Entre eles destaque para um da autoria do escritor português Onésimo Teotónio Almeida intitulado “Correntes d’Escritas e Correntes Descritas”, com a chancela Opera Omnia. Também o escritor nicaraguense Sergio Ramírez, Prémio Cervantes, irá lançar "Já ninguém chora por mim" (Porto Editora) e o brasileiro Milton Hatoum apresentará “A Noite da Espera” (Companhia das Letras).

O município da Póvoa, a cargo da organização das Correntes d’Escritas, irá também editar um livro intitulado “Palavras Correntes” que será uma espécie de dicionário da história deste festival. Durante os dias das Correntes será também apresentada uma coleção de poesia dirigida pelo escritor Valter Hugo Mãe intitulada “elogia da sombra” e a coleção de Biografias da Grandes Figuras da Cultura Portuguesa Contemporânea da Contraponto cujo primeiro número dedicado a Agustina Bessa-Luis da autoria de Isabel Rio Novo será lançada no festival.

Ouvir os escritores na primeira pessoa em 12 mesas de debate

Os temas lançados aos escritores em 12 mesas de conversa são retirados de livros dos finalistas do Prémio Casino da Póvoa/Correntes d’Escritas ou criados pela organização. No palco principal do Cineteatro Garrett vão sentar-se no primeiro dia 19, autores como o cabo-verdiano Germano Almeida, Prémio Camões 2018, as poetas Ana Paula Tavares e Filipa Leal, o vencedor do Prémio Casino da Póvoa do ano passado, o colombiano Juan Gabriel Vásquez e os autores portugueses Lídia Jorge e Helder Macedo.

Entre os convidados deste ano vão estar Gonçalo M.Tavares, Valter Hugo Mãe, Bruno Vieira Amaral, João Tordo, Ondjaki, Paulo José Miranda, todos vencedores do Prémio José Saramago; vão também participar dois Prémio Leya, Afonso Reis Cabral e o brasileiro Itamar Vieira Junior que lançará “Torto Arado” com que venceu em 2018 o galardão. Nesta edição aniversaria marcarão presença também muitos dos escritores que já venceram o principal prémio das Correntes d’Escritas. Além de Lídia Jorge estarão também na Póvoa Hélia Correia, Ana Luisa Amaral, Manuel Jorge Marmelo e Juan Gabriel Vásquez

Mas a voz dos autores e outros participantes será também ouvida pelo público das Correntes num ciclo de encontros conduzidos pelo jornalista José Carlos Vasconcelos que acompanha o festival deste as primeiras edições. Na sala dos atos do Cine-teatro Garrett, o diretor do "Jornal de Letras" vai receber, logo o dia 19, o ex ministro Guilherme d’Oliveira Martins para falar sobre “A cultura é cara, a incultura é mais cara ainda”, tema retirado de um artigo de opinião escritor por Sophia de Mello Breyner no Expresso em 1975. Também convidado para estas sessões é Francisco Pinto Balsemão, presidente do Prémio Pessoa que estará na Póvoa a 22 de fevereiro para falar sobre o mesmo tema, bem como o ex-ministro da cultura António Pinto Ribeiro.

Com grande expectativa aguarda-se o anúncio do premiado deste ano das Correntes d’Escritas, que será anunciado logo no primeiro dia 19 durante a sessão de abertura.

A 16.ª edição do Prémio Literário Casino da Póvoa irá este ano para uma obra de poesia. Há 45 livros a concursos e o júri é composto por Almeida Faria, Ana Paula Tavares, José António Gomes, Maria Quintans e Marta Bernardes.

Na mesma altura serão conhecidos os vencedores do Prémio Literário Correntes d’Escritas - Papelaria Locus, no valor de mil euros, que distingue trabalhos de jovens portugueses e este ano também de Cabo Verde; o Prémio Conto Infantil Ilustrado Correntes D’Escritas Porto Editora criado em 2008 e ao qual concorrem este ano 65 trabalhos de escolas de todo o país; e o Prémio Literário Fundação Dr. Luís Rainha, destinado a trabalhos literários com temática poveira.