Pedofilia. Igreja australiana rejeita recomendação para acabar com o celibato
15-12-2017 - 21:50

Comissão de resposta aos abusos sexuais contra crianças institucionalizadas apresentou, esta semana, um relatório com 189 sugestões para acabar com a "tragédia nacional" dos abusos contra menores.

Os líderes da Igreja Católica da Austrália rejeitam acabar com o celibato obrigatório dos padres, uma das 189 recomendações da comissão que investigou casos de pedofilia.

Quebrar o segredo da confissão, para denunciar abusadores de crianças, foi outra das medidas sugeridas pelos peritos, mas também não está a ser bem-recebida pelos bispos daquele país.

O fim do celibato não iria, necessariamente, acabar com os abusos, afirmou o arcebispo de Sidney, Anthony Fisher, em conferência de imprensa realizada esta sexta-feira.

“Nós conhecemos muito bem as instituições que têm padres celibatários e instituições [de outras confissões] sem padres celibatários e ambas enfrentam este problema. Sabemos muito bem que isto acontece nas famílias. É um problema de todos, celibatários ou não”, declarou.

Quanto à recomendação para acabar com o segredo na confissão, “iria causar sofrimento a todos os cristãos católicos e ortodoxos” e não iria “ajudar qualquer jovem” vítima de abusos.

O arcebispo de Sidney pede desculpa às vítimas e admite que a credibilidade da Igreja junto do conjunto da sociedade foi atingida.

Depois de cinco anos de trabalho, a comissão de resposta aos abusos sexuais contra crianças institucionalizadas apresentou, esta semana, um relatório com 189 recomendações.

Os peritos falam numa “tragédia nacional” e concluíram que as instituições australianas “falharam” gravemente na missão de proteger as crianças a seu cargo.

O relatório estima que, nas últimas décadas, dezenas de milhares de menores tenham sido abusados sexualmente em instituições do Estado e do sector social.

Duas dezenas de recomendações são especificamente destinadas à Igreja Católica, onde mais de 60% dos abusos terão ocorrido.