"Isolados, desprotegidos, com fome". Cáritas Porto alerta para imigrantes apanhados na crise
08-04-2020 - 06:50
 • Henrique Cunha

Cidadãos estrangeiros, sobretudo venezuelanos, brasileiros e colombianos, dirigem-se, cada vez mais, à instituição à procura de ajuda.

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Num primeiro momento pedem informação e depois solicitam ajuda. A Cáritas Diocesana do Porto está muito preocupada com a situação social dos estrangeiros residentes em Portugal, por causa da pandemia de Covid-19, e fala num cenário de muitas dificuldades e até de fome.

Em declarações à Renascença, Paulo Gonçalves, presidente da Cáritas Diocesana do Porto, alerta para um aumento substancial dos pedidos de ajuda de pessoas oriundas da Venezuela, Brasil e Colômbia, que se juntam aos portugueses com profissões precárias.

Paulo Gonçalves classifica de “surpreendente” o número de “cidadãos estrangeiros a habitar em Portugal que, neste momento, se encontram completamente isolados e completamente desprotegidos”.

O presidente da Cáritas do Porto revela que, por força da pandemia, “nas últimas semanas têm afluído à instituição cidadãos de países como a Venezuela, Brasil, Colômbia e Paraguai e, que num primeiro momento, pedem informação e que, depois, pedem ajuda”.

Paulo Gonçalves fala da existência de “muitas pessoas desprotegidas que passam fome” e que “precisam de todo o tipo de acompanhamento, neste momento de muitas dúvidas e muita incerteza”.

Para poder responder às múltiplas situações a Cáritas do Porto trabalha em rede com um conjunto de outras instituições que tiveram de se adaptar a esta nova realidade, privilegiando a distribuição de refeições ao domicílio.

Paulo Gonçalves assegura que “não é por falta de resposta que, neste momento, as pessoas desprotegidas deixam de ser ajudadas”, mas, ainda assim, manifesta “grande receio pelo prolongamento desta situação durante muito mais tempo, porque isso vai exigir um conjunto de respostas mais eficientes e mais articuladas”.

“Há, de facto, muitas pessoas desprotegidas e é preciso ter um olhar muito atento aos sem-abrigo porque, de um momento para o outro, também nesse domínio a resposta terá também naturalmente de ser diferente”, conclui o presidente da Cáritas Diocesana do Porto.