​Risco de guerra por causa de Caxemira
09-08-2019 - 06:15

Um novo confronto militar entre a Índia e o Paquistão, por causa de Caxemira, ensombra o horizonte. Desta vez, o nacionalismo hindu do primeiro-ministro indiano é o principal responsável pela crise.

Quando o Reino Unido aceitou a independência da Índia, em 1947, para evitar um banho de sangue foi preciso dividir o território em dois países: União Indiana (hoje Índia), onde predominavam os hindus, e Paquistão, cuja população era maioritariamente muçulmana. Desgraçadamente, essa divisão – a chamada “partition” – não evitou perto de 2 milhões de mortos e 14 milhões de deslocados.

Caxemira, com maioria muçulmana, ficou um Estado especial, uma parte com soberania da Índia, a outra pertencente ao Paquistão. Essa solução nunca foi plenamente aceite por ambos os países e já levou a duas guerras entre eles. Só que, hoje, tanto a Índia como Paquistão dispõem de armas nucleares, o que torna tudo muito mais perigoso.

O comportamento pouco claro e provavelmente dúplice do Paquistão face ao terrorismo, incluindo o terrorismo contra os hindus, impede que haja confiança internacional nos seus políticos, muitos deles militares. A Índia é a maior democracia do mundo, embora com muitas limitações – basta pensar no regime de castas. Mas agora está no poder o chamado partido Janata, que defende um agressivo nacionalismo religioso pró-hindu.

O primeiro-ministro indiano Modi, do qual muito se esperava, não só não conseguiu que a economia indiana ultrapassasse a chinesa, como assumiu esse nacionalismo religioso. Agora mandou prender líderes muçulmanos em Caxemira e enviou para ali centenas de milhares de soldados.

Para já, o Paquistão expulsou de Islamabad o embaixador indiano. Mas é altamente improvável que se fique por aqui. A perspetiva de guerra volta a assombrar aquela região.