Dois mortos em ataque a Centro Ismaelita. Marcelo fala em crime, Costa em "ato isolado"
28-03-2023 - 11:52
 • Daniela Espírito Santo , Cristina Nascimento , Carla Fino

Agressor será refugiado afegão e foi baleado pela PSP, tendo sido transportado para um hospital da capital.

Um ataque ao centro ismaelita em Lisboa fez dois mortos e um ferido. O atacante será um cidadão de nacionalidade afegã, que terá usado uma faca de grandes dimensões para atingir as vítimas. Desconhecem-se, para já, as motivações deste ataque.

À Renascença a PSP já confirmou que o alegado agressor foi manietado e detido e que a situação está controlada. Fonte da PSP também confirmou à Renascença, num primeiro momento, que se tratou de um ataque com arma branca.

O suspeito foi hospitalizado e encontra-se a ser operado no Hospital São José. O ferido, com cerca de 20 anos, foi transportado para o Hospital de Santa Maria. Terá sofrido cortes no pescoço e peito.

Em comunicado, o Conselho Nacional da Comunidade Muçulmana Ismail refere que o homem armado "atacou três pessoas que se encontravam nas instalações".

"Esta manhã, por volta das 11h, um homem armado com um objeto cortante entrou nas instalações do Centro Ismaili de Lisboa, onde decorriam aulas e outras atividades que ali têm lugar normalmente", é referido, acrescentando que "não são conhecidas as motivações do atacante".

Um perímetro de segurança foi criado no local e junto ao hospital para onde terá seguido o suspeito, que terá sido baleado por um polícia.

A cronologia do ataque

Em comunicado, a PSP fez uma cronologia do ataque, adiantando que o mesmo aconteceu as 10h57. Os primeiros polícias chegaram ao local um minuto depois.

"Os polícias deparam-se com um homem armado com uma faca de grandes dimensões", é dito.

Polícia terá ordenado ao atacante que cessasse o ataque e este "desobedeceu, avançando na direção dos polícias, com a faca na mão".

Foi nessa altura que o atacante foi atingido a tiro e neutralizado.

A Polícia confirma, até ao momento, duas vítimas mortais e "diversos feridos".

"O atacante foi socorrido e conduzido a unidade hospitalar, encontrando-se vivo, detido e sob a nossa custódia", é dito.

No comunicado e nas redes sociais, a PSP apela a todas as pessoas que não se desloquem para esta zona da cidade, devido à operação policial em curso.

Comunidade ismaelita confirma morte de duas funcionárias

Em entrevista à SIC Notícias, Nazim Ahmad, representante diplomático do Imamat Ismaili em Portugal, confirmou a morte de duas funcionárias portuguesas e que o alegado agressor se tratará de um refugiado afegão.

A Renascença está no local e confirma o forte aparato policial.

Há pelo menos uma dezena de carros de intervenção rápida e motos das autoridades a compor o dispositivo de segurança. O trânsito no local, na avenida Lusíada, em Lisboa, está parcialmente condicionado e também os movimentos dos jornalistas no local está condicionado.

Suspeito sofreria de problemas psicológicos

O suspeito do ataque é um afegão que estava integrado na comunidade, mas sofreria de problemas psicológicos, segundo avança à Renascença o presidente da junta de freguesia de S. Domingos de Benfica, que fala em "ataque premeditado".

"Alguém entrou com uma faca e dirigiu-se ao staff. É um ataque premeditado a este centro", indica José da Câmara, que relembra que o centro ismaelita, em Lisboa, é "um centro de paz, pacífico".

"Que seja feita justiça"

O ministro da Administração Interna (MAI), José Luís Carneiro, disse esta terça-feira que deseja que "seja feita justiça depois deste ato trágico", no rescaldo do ataque que vitimou duas pessoas no centro ismaelita em Lisboa.

Em declarações aos jornalistas na sede da Área Metropolitana de Lisboa, José Luís Carneiro adiantou que as motivações do suspeito, que foi transportado para o Hospital de São José depois de ter sido baleado numa perna pela PSP, já estão a ser investigadas pela Polícia Judiciária (PJ).

António Costa reage a "ato isolado"

O primeiro-ministro António Costa já reagiu ao ataque. "Quero expressar à comunidade ismaelita, às famílias das vítimas a minha solidariedade e o meu pesar", disse, aos jornalistas. Costa agradeceu a "pronta intervenção" da PSP e confirmou que o suspeito foi baleado "e está a receber cuidados no Hospital de Santa Maria".

Desconhecendo, para já, as motivações do incidente, diz que é prematuro falar ainda do caso sem grandes detalhes.

"É, obviamente, prematuro fazer qualquer interpretação sobre as motivações deste ato criminoso, mas devemos aguardar com segurança que as autoridades prossigam com as necessárias investigações", pede o primeiro-ministro.

"Qualquer que seja a motivação são duas vidas que se perderam, é sempre trágico", diz.

"Até agora tudo indica que foi um ato isolado, mas não nos vamos antecipar àquilo que é o trabalho próprio das autoridades. Este é o momento de acolhimento de pesar, pela perda de duas vidas humanas e desejar que a intervenção dos cuidados médicos possa assegurar a recuperação do suspeito, para que possa ser submetido à justiça", remata.

Marcelo refere "ato criminoso", Moedas em "crime hediondo"

Também o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, já apresentou a Nazim Ahmad os seus "sinceros pêsames" e fala em "ato criminoso".

"O Presidente da República, que tem acompanhado permanentemente a situação, em contacto com o Governo, sublinha, por um lado, o facto de estarem a decorrer as investigações destinadas a apurar o sucedido, e, por outro, que, tal como declarado pelo primeiro-ministro, as primeiras indicações apontam para um ato isolado", é dito, em comunicado no site da Presidência.

O presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, fez uma nota de pesar ao início da tarde desta terça-feira, onde reitera o papel da comunidade ismaelita, "tão importante para a cidade".

"Como presidente da Câmara Municipal de Lisboa, representando o sentimento comum a todos os lisboetas, e também a título pessoal, quero manifestar a minha profunda tristeza com a notícia do crime hediondo no seio da comunidade ismaelita".

Outras figuras políticas também já expressaram condolências. Catarina Martins, coordenadora do Bloco de Esquerda, manifestou-se via Twitter.

Luís Montenegro, presidente do PSD, também utilizou a mesma rede social para reagir ao sucedido.

André Ventura critica a "política de portas abertas sem qualquer controlo" e diz que o "sangue destas vítimas é responsabilidade do criminoso afegão", mas "está nas mãos do governo de António Costa".

Rui Tavares, do Livre, assegurou estar "de alma e coração com a comunidade ismaelita portuguesa e com o Centro Ismaili de Lisboa", que "há décadas desenvolve um trabalho ímpar humanitário, social e filantrópico".

Rui Rocha, da Iniciativa Liberal, utilizou igualmente o Twitter para expressar "profunda tristeza" por este "ato chocante" que "merece uma profunda condenação".

Inês de Sousa Real, do PAN, foi outra das vozes políticas que utilizou o Twitter para deixar as suas condolências.

[notícia atualizada às 15h39 de 28 de março de 2023]