Pilotos da TAP apresentam pré-aviso de greve para a Páscoa
23-03-2023 - 23:06
 • Ricardo Vieira e José Carlos Silva

Em causa está o acordo de empresa negociado com a administração da TAP. A notícia é conhecida na semana em que a companhia aérea apresentou lucros de 65 milhões de euros.

Os pilotos da TAP avançam com um pré-aviso de greve para semana da Páscoa, entre 7 e 10 de abril, confirmou a Renascença.

Em causa está o acordo de empresa que foi negociado com administração da TAP, mas que, segundo o sindicato, não foi autorizado pelo Governo.

“Para nosso espanto, os ministérios [das Finanças e das Infraestruturas] não aprovaram nem deram autorização para este acordo e isto para nós tem uma linha vermelha que é a sinceridade”, disse à Renascença o presidente do Sindicato dos Pilotos de Aviação Civil (SPAC), Tiago Faria Lopes.

A administração da TAP “portou-se exemplarmente”, fechou o acordo com o Sindicato dos Pilotos, “mas no final disse que o protocolo poderá ser válido, mas se as Finanças ou as Infraestruturas disserem que não a validade é nula”, explica o presidente do SPAC.

Não há uma decisão do Governo, até à data, o que é “desleal e desonesto”, lamenta.

Os pilotos avançam com o pré-aviso de greve para a Páscoa, mas continuam disponíveis para negociar.

Se o Governo der o aval ao acordo os pilotos “naturalmente” desconvocam a greve para a Páscoa, “mas é muito triste ter que chegar a este ponto”, afirma Tiago Faria Lopes.

A notícia é conhecida na semana em que a companhia aérea apresentou lucros de 65 milhões de euros, referentes a 2022.

"A TAP encerrou o ano de 2022 com um lucro líquido de 65,6 milhões de euros, um aumento de 1.664,7 milhões de euros em relação ao ano anterior", informou a transportadora aérea, em comunicado.

O plano de reestruturação da TAP, aprovado pela Comissão Europeia no final de 2021, previa que a companhia aérea começasse a dar lucro em 2025 e que obtivesse um resultado operacional positivo em 2023, algo que a empresa atingiu no primeiro semestre de 2022.

A companhia aérea regressou assim aos lucros, que tinha registado pela última vez em 2017, altura em que o grupo obteve um resultado positivo que rondou os 21 milhões de euros.

A CEO e o chairman da TAP, Christina Ourmières-Widener e Manuel Beja, respetivamente, foram demitidos pelo Governo, na sequência do caso da indemnização à ex-gestora Alexandra Reis.

Luís Rodrigues foi anunciado como novo administrador da TAP, mas só deverá tomar posse nas próximas semanas.