O Ministério Público abriu um inquérito crime sobre os "touros de fogo", actividade que se realizou nos dias 22 e 23 durante a Festa da Amizade, em Benavente.
Numa resposta enviada à agência Lusa, a secção de Benavente do Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) - comarca de Santarém - anuncia que foi determinada a "abertura de inquérito para efeitos de investigação da eventual prática de crime relacionada com a actividade "touros de fogo".
Na investigação, o Ministério Público é coadjuvado pela GNR.
BE e PAN exigem esclarecimentos
O Bloco de Esquerda (BE) questionou o Governo sobre os "touros de fogo" nas festas de Benavente, uma prática "evidentemente ilícita e alvo de justa indignação".
O BE quer saber, através do Ministério da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, se estavam presentes forças policiais no evento, se tentaram impedir o acto ilícito e que medidas estão as entidades competentes a desenvolver para identificar os responsáveis pelo acto e para a sua responsabilização.
O PAN - Partido dos Animais e Natureza dos Animais e da Natureza já questionou a ministra da Administração Interna sobre o sucedido nas festas de Benavente.
"Apesar das várias interpelações do partido e de outras entidades aos órgãos de polícia criminal, estes alegadamente estiveram presentes no local das festividades e nada fizeram para impedir a tentativa ou consumação desta prática ilícita e atentatória do bem-estar e da integridade física do animal", pode ler-se na página no Facebook do partido.
Um grupo de populares colocou fogo nos chifres de um touro, na madrugada do último sábado, denunciou os PAN e vários populares nas redes sociais, vendo-se imagens do animal com os chifres em chamas.
Autarquia lamenta o sucedido e diz que o touro não ficou ferido
A actividade "touros de fogo" consta do programa da Festa da Amizade, na página na internet da autarquia, mas o presidente da Câmara disse à agência Lusa que foi retirada depois de um parecer desfavorável da Direcção-Geral de Veterinária.
Carlos Coutinho explica que a actividade havia sido colocada no programa sem conhecimento prévio do município, que apoia a festa organizada pelas comissões da Sardinha Assada e da Picaria, tendo quinta-feira sido decidido cancelá-la, depois de ser reconhecido que esta não é uma tradição do concelho e de ser recebido o parecer da Direcção-Geral de Veterinária, pedido pelos organizadores.
O autarca argumenta que o incidente ocorrido na madrugada de sábado, durante a festa que decorreu no final da semana na vila, não se enquadra no chamado "touros de fogo" que se pratica em Espanha, em que são colocados nos cornos do touro panos embebidos num líquido inflamável posto a arder enquanto o animal corre num espaço aberto, provocando queimaduras e ferimentos.
"O que aconteceu não foi 'touros de fogo'. Algumas pessoas decidiram colocar uma pequena estrutura em ferro acoplada aos cornos de um touro, onde colocaram pequenos foguetes usados nos bolos de aniversário que arderam durante 30 ou 40 segundos. Não provocou qualquer ferimento no animal, ao contrário do que sucede em Espanha", disse Carlos Coutinho, que lamentou o sucedido.