Foi depois das eleições europeias de 2014 que António Costa se lançou à conquista da liderança do PS, derrubando António José Seguro. Passados cinco anos, é com o seu discurso de candidatura a secretário-geral do PS que o agora primeiro-ministro começa a mensagem aos portugueses com que decidiu marcar o início da campanha oficial para as eleições europeias de 26 de Maio e em que defende que, para vencer os populismos, é preciso “dar respostas concretas aos medos e angústias” dos europeus.
Na declaração de candidatura, feita a 6 de junho de 2014, Costa defendia que era preciso “encontrar um novo equilíbrio na gestão dos nossos compromissos que favoreça o crescimento sustentável, a criação de emprego, o controlo do défice e a redução da dívida”.
É isso que agora considera ter feito com os seus quatro anos de Governo e que agora diz que pode ser exemplo para a União Europeia. Na mensagem publicada agora, o líder socialista recorda várias das suas intervenções sobre a Europa feitas ao longo destes quatro anos e salienta quatro “ideias-força”.
A primeira é que “das alterações climáticas ao terrorismo, nenhum dos grandes desafios globais que enfrentamos pode ser melhor enfrentado e resolvido fora ou sem a União Europeia, por maior, mais forte ou rico que seja qualquer Estado membro”.
Em segundo lugar defende que “para combater o populismo, o nacionalismo, o isolacionismo, o protecionismo, é preciso dar respostas concretas aos medos, angústias e receios que minam a confiança dos cidadãos no projeto europeu como garante do seu próprio futuro e do futuro das novas gerações”.
Na sua terceira “ideia-força”, o secretário-geral escreve que é preciso “uma União que lidere a transição energética para enfrentar as alterações climáticas; que tenha uma política comercial que defenda o nosso modelo social, promovendo a globalização dos elevados padrões sociais, ambientais e de segurança alimentar que queremos preservar; que desenvolva o Pilar Social, garantindo o acesso à melhor educação, trabalho digno, formação ao longo da vida, proteção social, o combate às desigualdades e a erradicação da pobreza; “. Mas que também “invista na cultura e na ciência, bases da sociedade do conhecimento, da transição para a sociedade digital e da inovação, motor do desenvolvimento; que seja mais coesa internamente e mais competitiva externamente; que garanta a paz face à instabilidade na nossa fronteira externa e a segurança interna contra a ameaça terrorista; que tenha uma política migratória integrada e solidária; que veja África como o nosso parceiro estratégico do século XXI”.
Por fim, na última ideia que quer reforçar é que António Costa coloca as questões mais financeiras, defendendo a reforma da Zona Euro, “promovendo a convergência entre as diferentes economias, de modo a consolidar de modo sustentável o projeto mais ambicioso que já desenvolveu”.
Nesta mensagem, divulgada no site do PS, Costa também escreve que a União europeia deve “dotar-se dos recursos financeiros à medida da sua acrescida ambição, sem sacrificar políticas que são suas marcas identitárias como a Coesão ou a PAC, de modo a não frustrar os cidadãos , prometendo de mais e realizando de menos”.
O primeiro-ministro não faz, contudo, qualquer referência explicita à forma como se chega a esses recursos financeiros. Recorde-se que, no acordo assinado com o PSD sobre fundos europeus, o Governo defende a introdução da taxas que revertam para um orçamento comum em três situações: transições financeiras internacionais, taxação de plataformas transnacionais do setor digital e taxas relativas ao comércio das licenças de emissão de poluentes.
Ao longo das mensagens, o líder socialista faz referência aos vários encontros com líderes europeus que foi tendo ao longo dos anos, mas faz também questão de fazer referência direta a dois ministros: Augusto Santos Silva, ministro dos Negócios Estrangeiros, e Mário Centeno, ministro das Finanças e presidente do Eurogrupo.