Cristãos iraquianos incrédulos com possível deportação dos EUA
17-06-2017 - 15:02

Cerca de 200 cristãos caldeus que procuraram refúgio na América correm o risco de serem deportados de volta para o Iraque, apesar de os Estados Unidos terem reconhecido oficialmente que a comunidade está a ser vítima de genocídio.

Um grupo de cerca de duas centenas de cristãos caldeus, originários do Iraque, corre o risco de ser deportado dos Estados Unidos.

Os cristãos foram detidos ao longo da passada semana por lhes ter sido negado o direito de permanência no país, deixando toda a comunidade caldeia incrédula, dizendo que os que forem deportados correm risco de vida no Iraque.

A Igreja Católica Caldeia é uma igreja de rito oriental, em plena comunhão com Roma, que congrega a maior parte dos cristãos iraquianos. A comunidade cristã naquele país tem raízes multiseculares, antecedendo o Islão, mas tem sofrido de forma desproporcional com o aumento do fundamentalismo islâmico no Médio Oriente.

O Estado americano já reconheceu formalmente que os cristãos iraquianos foram vítimas de uma tentativa de genocídio às mãos do Estado Islâmico, levando Thomas Farr, um activista pela liberdade religiosa nos Estados Unidos, a concluir que este caso só pode ter uma solução.

“Isto não é complicado. Os cristãos iraquianos foram designados formalmente pelos Estados Unidos como vítimas de genocídio. Eles, e outras minorias que foram declaradas como tal, devem ser acolhidos neste país. Os que já cá chegaram não deviam ser deportados”, diz, em declarações ao Religion News Service (RNS).

Contudo, o Departamento de Segurança Interna diz que apenas estão a ser deportados indivíduos com cadastro, de acordo com a legislação em vigor, e que todos foram alvo de processo de imigração justo, que os considerou inelegíveis para permanecer no país.

Nina Shea, uma advogada de direitos humanos que chefia o Centro de Liberdade Religiosa da Hudson Institute, em Washington, mostra-se estupefacta com a argumentação. “Alguém informou o director da Segurança Interna de que os Estados Unidos declararam um genocídio contra os cristãos no Iraque? Numa situação de genocídio não se deporta ninguém. Nós nem sequer deportámos detidos de Guantanamo para locais onde podiam ser mortos”, afirmou, à RNS

Os líderes da comunidade caldeia nos EUA lamentam ainda a falta de solidariedade por parte de grandes organizações cristãs que, dizem, fazem muito barulho sobre a perseguição aos cristãos no Médio Oriente, mas agora não se estão a manifestar contra a deportação destes cristãos para o Iraque.