Um tiroteio esta quarta-feira numa escola secundária em Winder, no estado norte-americano da Geórgia, provocou quatro mortes, segundo as autoridades locais. Pelo menos nove pessoas ficaram feridas, e um suspeito com 14 anos foi detido, num ataque que aconteceu poucos dias após o início de um novo ano escolar.
O xerife Jud Smith anunciou a morte de dois alunos e dois professores no tiroteio. O atirador foi identificado como Colt Gray, um aluno da escola secundária Apalachee, onde entrou esta quarta-feira armado. "Vai ser acusado de homicídio e tratado como um adulto", disse Chris Hosey, diretor do polícia de investigação da Geórgia (Georgia Bureau of Investigation).
A arma usada pelo atirador é uma espingarda semelhante à AR-15, segundo a "CNN". A AR-15 é uma arma semiautomática que, tal como outras armas semelhantes, é usada frequentemente em tiroteios em massa, como os da escola básica de Sandy Hook (em 2012, matando 26 pessoas, 20 das quais crianças de seis e sete anos), de Las Vegas (em 2017, matando 60 pessoas), da escola secundária de Parkland (em 2018, matando 17 pessoas), e da escola secundária de Uvalde (em 2022, matando 19 alunos entre os nove e os 11 anos de idade).
Foi a arma usada no ataque contra Donald Trump em julho; semelhante à arma militar M16, a velocidade a que as balas são disparadas causa mais estragos nos tecidos e órgãos humanos que outras armas.
O primeiro alerta foi dado às 10h20 locais (15h20 em Portugal continental). Dois agentes dedicados à escola confrontaram o jovem atirador, que "imediatamente se rendeu a estes agentes", sendo detido.
Num testemunho recolhido pela "CNN", uma colega de turma do atirador suspeito disse que este deixou a sala de aula no início da aula de Álgreba, voltando no fim da aula. Nessa altura, o jovem bateu à porta para entrar na sala, mas a aluna que ia abrir a porta reparou na arma e não o fez.
"Acho que ele viu que não íamos deixá-lo entrar. E acho que a sala de aula ao lado tinha a porta aberta, por isso ele começou a disparar na sala", disse Lyela Sayarath.
Imagens de helicóptero do canal WSB-TV, transmitidas por vários canais, mostraram um grande grupo de alunos reunido no campo de futebol americano e pista de atletismo da escola. Carros dos pais preencheram as estradas em torno da escola à medida que a notícia do tiroteio se espalhava.
Um estudante de 17 anos, Sergio Caldera, contou à "ABC News" que estava numa aula de química quando ouviu tiros. "O meu professor abriu a porta para ver o que se passava. Outro professor entrou a correr e disse-lhe para fechar a porta porque há um atirador ativo", disse o aluno, que acrescentou que, depois de trancarem a porta e de todos se juntarem no fundo da sala, ouviu gritos no corredor e que alguém bateu na porta e gritou para abrirem várias vezes. Depois de pararem de bater na porta, ouviram-se mais tiros e gritos, segundo o testemunho.
A delegação de Atlanta do FBI declarou, segundo a "Associated Press", que está ao corrente da situação e que tem agentes no local, em "coordenação com e a apoiar as autoridades locais".
Na rede social X, Brian Kemp, o governador do estado, afirmou ter disponibilizado todos os recursos "para responder ao incidente".
Segundo a Casa Branca, Joe Biden, Presidente dos Estados Unidos da América, já foi informado dos detalhes da situação. Num comunicado, Biden afirmou que "o que devia ser uma alegre época de regresso às aulas em Winder, na Geórgia, transformou-se em mais um lembrete de como a violência das armas continua a desfazer as nossas comunidades".
"Depois de décadas de inação, os republicanos no Congresso devem finalmente dizer 'chega' e trabalhar com os democratas para aprovar legislação de senso comum sobre segurança de armas. Devemos proibir de novo armas de assalto e carregadores de alta capacidade, obrigar ao armazenamento seguro de armas de fogos, promulgar verificações universais de cadastro, e acabar com a imunidade para os fabricantes de armas", defendeu o Presidente.
A escola secundária de Apalachee tem mais de 1.900 estudantes, segundo a "CNN". A cidade de Winder fica a cerca de 80 km de Atlanta, a capital do estado da Geórgia.
Segundo a organização "Gun Violence Archive", os EUA já foram palco de 384 tiroteios em 2024.
Armas como a AR-15 foram proibidas por uma lei de 1994, assinada por Bill Clinton depois de aprovada pelas maiorias do Partido Democrata na Câmara dos Representantes e no Senado. A lei expirou em 2004, quando George W. Bush era Presidente e os republicanos controlavam as duas câmaras legislativas do Congresso. Uma lei semelhante foi proposta pelos democratas após o tiroteio de Sandy Hook, mas foi chumbada com votos dos republicanos e de 15 senadores democratas.
[notícia atualizada às 22h45]