Oito jesuítas terão cometido abusos nos últimos 70 anos
26-09-2022 - 12:58
 • Ana Catarina André

A Companhia de Jesus garante que os casos foram comunicados à Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais Contra Crianças na Igreja Católica.

Entre 1950 e 2022, período em que decorreu a recolha de informação interna, oito jesuítas, todos eles já falecidos, são suspeitos de terem abusado de crianças e jovens. O caso mais recente remonta à década de 90. A informação foi adiantada esta segunda-feira à Renascença pela Coordenadora do Serviço de Proteção e Cuidado de Menores e Adultos Vulneráveis da Companhia de Jesus.

"Reconhecemos que seguramente houve abusos na Companhia de Jesus", mas "o número de vítimas não é possível apurar", adianta Sofia Marques. "Se há um abuso descrito em contexto de grupo, em que uma vítima reconhece e identifica outras possíveis vítimas, embora sem nomes e sem identificação, admitimos que esses abusos possam ter ocorrido em maior escala. Portanto, não conseguimos quantificar o número de casos."

De acordo com a responsável, as vítimas, de ambos os sexos, tinham idades entre os 9 e os 16 anos. Grande parte dos casos terá ocorrido em ambiente escolar, envolvendo alunos dos colégios jesuítas.

A maioria [das situações] não foi conhecida à data dos factos, mas os dados agora recolhidos, garante a mesma responsável, foram enviados à Comissão Independente para o Estudo dos abusos Sexuais Contra as crianças na Igreja Católica, liderada pelo pedopsiquiatra Pedro Strecht.

A informação foi apurada no âmbito do Serviço de Escuta, criado em novembro de 2021 para "acolher, escutar e ajudar possíveis vítimas de abuso sexual nas obras da Companhia de Jesus".

Em comunicado, a Companhia de Jesus diz que a "primeira palavra não pode, pois, deixar de ser para com as vítimas, feridas na sua dignidade e marcadas física, emocional e espiritualmente por estes abusos". "A estas pessoas, bem como às suas famílias, pedimos perdão pelos abusos sofridos e por não termos sido capazes, enquanto organização, de as proteger."

Leia aqui a entrevista a Sofia Marques.