Padre Jardim Moreira: “Estamos a caminhar numa desumanização brutal”
27-11-2023 - 09:51
 • João Cunha , Olímpia Mairos

Há famílias sinalizadas às comissões de proteção porque perderam a casa. Para o padre Jardim Moreira, a maternidade em Portugal está a ser penalizada. “Estamos numa situação em que o capital é que comanda a vida", lamenta.

Há famílias sinalizadas às comissões de proteção de crianças e jovens por terem perdido a casa. São, sobretudo, famílias monoparentais que estariam a viver em quartos porque não conseguiam pagar a renda de uma casa. De acordo com o jornal Público, que avança a informação, os casos aconteceram nas CPCJ da Amadora, Sintra Oriental e Lisboa Centro.

Para o padre Jardim Moreira, da Rede Europeia Anti Pobreza, a maternidade em Portugal está a ser penalizada, vivemos uma desumanização.

“Estamos numa situação em que o capital é que comanda a vida, o mercado cego é que comanda a vida das pessoas e as pessoas são sujeitas ao mercado e tudo depende daí. Este é o grande problema que estamos numa desumanização, estamos a caminhar numa desumanização brutal”, alerta.

O sacerdote faz questão de sublinhar que discorda da política que está em curso nestas matérias: “Eu discordo da política que está a ser aplicada, que é retirar os filhos e pô-los numa instituição. Eu acho que o que era necessário era dar condições à mãe para poder viver."

Nestas declarações à Renascença, o padre Jardim Gonçalves nota que “a maternidade em Portugal está a ser penalizada porque uma mulher que tem dois filhos, mesmo casada, que seja família constituída, é uma família em risco de pobreza”.

“Isto quer dizer que temos um problema grave de natalidade, mas também a sociedade penaliza quem tem filhos, isto é, há aqui um contrassenso na vida coletiva”, denuncia.

O responsável explica ainda que “das famílias monoparentais, normalmente 17% são pobres”.

“E uma coisa mais curiosa é se a criança não tem contato afetivo com o pai, aumenta para 32% da pobreza. A razão da pobreza está na relação afetiva que existe ou não existe entre a criança e o pai”, acrescenta.