Oito pessoas vão a julgamento pelo atentado de 2016 com camião em Nice
10-11-2020 - 18:09
 • Lusa

Sete homens e uma mulher serão julgados por um tribunal especial em França no âmbito do ataque, quando um homem atropelou uma multidão com um camião, matando 86 pessoas e ferindo mais de 300.

Um tribunal especial de França vai julgar sete homens e uma mulher pelo atentado em Nice em 2016, quando um homem atropelou uma multidão com um camião, matando 86 pessoas e ferindo mais de 300.

Os juízes de instrução concluíram a sua investigação e anunciaram esta terça-feira que decidiram que os oito acusados comparecerão perante o tribunal, três dos quais por “associação criminosa terrorista”, segundo um comunicado da Procuradoria Nacional Antiterrorista citado pela agência noticiosa espanhola EFE.

A 14 de julho de 2016, quando milhares de pessoas celebravam a festa nacional francesa e assistiam a um espetáculo de fogo-de-artifício na célebre marginal de Nice, Mohamed Labouaiej-Bouhlel, um tunisino de 21 anos, matou 86 pessoas em quatro minutos, ao volante de um camião.

Quinze menores e 33 estrangeiros estão entre as vítimas do atentado que suscitou emoção a nível internacional.

Segundo a acusação assinada na segunda-feira por quatro juízes antiterroristas, os três principais acusados — Mohamed Ghraieb, Chokri Chafroud e Ramzi Arefa –, dois tunisinos e um franco-tunisino, são suspeitos de terem “consciência da existência de um plano” de ataque por parte de Mohamed Lahouaiej-Bouhlel, abatido pela polícia na noite do atentado, indicou a agência France Presse.

Cinco outras pessoas, um tunisino e quatro albaneses, serão julgados por crimes ligados ao fornecimento de uma arma a Ramzi Arefa destinada a Lahouaiej-Bouhlel.

Quatro dos acusados estão detidos, dois estão sob controlo judicial e dois outros estão em fuga e são alvo de mandados de detenção datando de abril e de julho. Todos podem recorrer e o julgamento não se realizará antes de 2022.

Na acusação, os juízes consideram que o assassino, embora sem “ligação demonstrada” com o grupo Estado Islâmico, que reivindicou o atentado, “aplicou” as recomendações do movimento extremista.

E lembram as “interrogações durante a investigação sobre a saúde mental do autor dos factos”, para adiantarem que tais questões “não podem pôr em causa” o caráter terrorista do seu ato.

Constituíram-se parte civil na investigação 865 pessoas ou associações.

O encaminhamento para tribunal deste caso acontece menos de duas semanas depois de um novo ataque em Nice, que está a ser investigado por juízes antiterroristas. Um tunisino de 21 anos, Brahim Aouissaoui, matou com uma faca um homem e duas mulheres a 29 de outubro na basílica de Nice.