Acesso à comunhão: conselheiros do Papa em divergência
21-10-2015 - 08:51
 • Aura Miguel

Cardeal Pell rejeita delegação de decisões nas conferências episcopais. Cardeal Marx, que já disse não se considerar “uma filial de Roma”, vai esclarecer a sua posição esta quarta-feira. Ambos aconselham Francisco.

“Católico significa universal e não continental”. A frase é do cardeal George Pell, prefeito do secretariado para os assuntos económicos do Vaticano e um dos nove cardeais conselheiros do Papa.

Em várias entrevistas agora publicadas, este cardeal australiano desmonta o argumento usado por outros colegas seus, que admitem delegar nas conferências episcopais a decisão de conceder, ou não, a comunhão aos divorciados.

Sem comentar as declarações de alguns bispos alemães, que prometem maior abertura independentemente do que resultar do sínodo, Pell recorda que pode haver muitas teologias, mas a doutrina cristã é a mesma para toda a gente, que os mandamentos são 10 - não cinco para a França e seis para a Alemanha.

Impossível é também, para Pell, que, por exemplo, no caso de duas pessoas divorciadas, na mesma situação, uma, ao comungar na Polónia, cometa um sacrilégio e a outra, ao fazê-lo na Alemanha, receba uma fonte de graça.

Já o cardeal Marx, presidente da conferência episcopal alemã, adopta uma posição diferente. O arcebispo de Munique, que também integra o grupo dos nove cardeais conselheiros do Papa, afirmou em Março passado: “Não somos uma filial de Roma” e “não podemos esperar que um sínodo nos diga como organizar a pastoral sobre a família e o casamento”.

Esta quarta-feira, no final da manhã, o cardeal Marx será um dos convidados da habitual conferência de imprensa no Vaticano.