Talibãs garantem que vão permitir voos civis após 31 de agosto
25-08-2021 - 12:59
 • Lusa

Nova liderança afegão garante que as todas as pessoas com documentos legais podem viajar através de voos comerciais além da data de retirada dos aliados.

Os talibãs garantiram esta quarta-feira que vão permitir a realização de voos comerciais após a data-limite de 31 de agosto para as retiradas em curso, insistindo que não é preciso nenhuma extensão do prazo para continuar esse processo.

"[Os talibãs] abrirão o caminho para o reinício dos voos civis. As pessoas com documentos legais podem viajar através de voos comerciais após 31 de agosto", escreveu na rede social Twitter o porta-voz do gabinete político dos talibãs, Suhail Shaheen.

A garantia foi dada pelo diretor-adjunto do gabinete político do movimento no Qatar, Abbas Stanikzai, após uma reunião com o embaixador alemão no Afeganistão, Markus Potzel, acrescentou o porta-voz.

A reunião, que decorreu na terça-feira, visou discutir assuntos políticos do país e a situação do aeroporto de Cabul, onde se têm vivido cenas de caos com milhares de pessoas a tentarem fugir depois de os talibãs terem tomado o poder, em 15 de agosto.

Segundo o porta-voz dos talibãs, a Alemanha salientou a "continuação de ajuda humanitária no Afeganistão e acrescentou que os projetos de desenvolvimento suspensos também serão retomados depois da normalização da situação".


Contudo, não especificou como é que Berlim vai continuar a dar apoio aos cidadãos afegãos, agora que os talibãs assumiram o controlo do país, e não sabe se vai continuar o financiamento internacional dos países que ajudaram a reconstruir o Afeganistão após a queda do regime extremista talibã em 2001.

Os talibãs têm sido inflexíveis na recusa em prolongar o prazo de 31 de agosto para as tropas estrangeiras deixarem o aeroporto internacional de Cabul, onde correm contra o relógio para retirar os seus cidadãos e afegãos em perigo.

Na terça-feira, os talibãs anunciaram também que os afegãos seriam impedidos de ir ao aeródromo, limitando o acesso apenas a estrangeiros, uma decisão que compromete os planos de tirar do país milhares de pessoas consideradas vulneráveis sob o novo regime islamita.

Os talibãs passaram a controlar Cabul no dia 15 de agosto, culminando uma ofensiva iniciada em maio, quando começou a retirada das forças militares norte-americanas e da NATO.

As forças internacionais estavam no país desde 2001, no âmbito da ofensiva liderada pelos Estados Unidos contra o regime extremista (1996-2001), que acolhia no seu território o líder da Al-Qaida, Osama bin Laden, principal responsável pelos atentados terroristas de 11 de Setembro de 2001.

A tomada da capital põe fim a uma presença militar estrangeira de 20 anos no Afeganistão, dos Estados Unidos e dos seus aliados na NATO, incluindo Portugal.

Face à brutalidade e interpretação radical do Islão que marcou o anterior regime, os talibãs têm assegurado aos afegãos que a "vida, propriedade e honra" vão ser respeitadas e que as mulheres poderão estudar e trabalhar.