O presidente da Associação Portuguesa de Promotores e Investidores Imobiliários (APPII) criticou o “debate inflamado” sobre a crise na habitação, apontando que o caminho é de facilitar o licenciamento, a redução da carga fiscal e o aumento de solo público.
“Os investidores também são cidadãos, também estão preocupados com este problema e também querem resolver a crise na habitação”, começou por dizer Hugo Santos Ferreira, na conferência “Habitar as Grandes Cidades”, organizada pela Renascença e a Câmara Municipal de Lisboa,
O responsável da APPII aponta que, sem os vistos gold, não seria possível a reabilitação das cidades e da economia do país, mas defende que as condições dos vistos gold atuais não devem ser as de há 10 anos.
“Podemos fazer crescer este tipo de programas. Não olhemos para os investidores como bichos-papões”, indicou, em resposta a Maria de Lurdes Pinheiro, da Associação do Património e da População de Alfama.
Em alternativa, Hugo Santos Ferreira sugere um modelo de doações a fundos de arrendamento habitacional na altura do investimento imobiliário: “Era uma forma de não deitarmos à rua mil milhões de euros, ao mesmo tempo que ajuda a combater o problema do acesso à habitação.”
Hugo Santos Ferreira lamentou ainda as mudanças na lei do arrendamento: “Como vamos confiar na lei do arrendamento, se é mudada todos os anos?”
Referindo um estudo do INE que aponta que faltam quase 137 mil casas em Portugal para fazer face às necessidades habitacionais, o presidente da APPII lamentou a falta de oferta pública e indicou o caminho para o fim da crise na habitação: “Licenciamento, menos carga fiscal, mais solo público. Se conseguirmos ter isto, posso garantir: vamos ter casas que os portugueses podem pagar, para comprar e para arrendar.”
Ainda assim, destaca o “impacto positivo” de medidas já em vigor, como a isenção de IMT para jovens na compra de casa.