De Cavaco "ditador" a Sócrates no Guinness. O que Belmiro disse sobre os políticos
29-11-2017 - 17:30
 • Pedro Rios

Enquanto líder da Sonae, nunca foi meigo com a classe política. Leia as frases que Belmiro de Azevedo dedicou a Soares, Sócrates, Cavaco, Marques Mendes, Ferreira Leite, Louçã..

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No programa televisivo "Contra-Informação", o senhor Sonae era "Belmiro Mete-Medo". A piada honrava uma longa experiência na arte da frontalidade - ou do insulto, disseram alguns.

Belmiro de Azevedo, que morreu esta quarta-feira aos 79 anos, admitiu que tem "muito respeito pelos políticos… Não necessariamente pelos indivíduos que ocupam cargos políticos". Ao longo dos anos, acumulou críticas a ministros, líderes partidários e primeiros-ministros. Eis algumas.

José Sócrates: "O primeiro-ministro telefona ou manda telefonar com muita frequência". "Não há exemplo de alguém ter feito tanta coisa tão mal feita em tão pouco tempo. Ele vai para o Guinness".

Marcelo Rebelo de Sousa: "É pluri-pluri. Tem dez respostas, todas boas, para a mesma pergunta. Não sofre de pensamento único".

Luís Marques Mendes: Dele disse, em 2005, que nem para porteiro da Sonae servia, pelo facto de falar em excesso.

Carlos Tavares, ministro da Economia de Durão Barroso, hoje presidente da CMVM: "Deve ter a frustração de nunca ter gerido uma empresa, está por interposta autoridade, que é a autoridade do Estado, a querer gerir as empresas e intervir na sua estratégia. Ele que compre uma empresa!"

Maria de Lurdes Pintassilgo, ex-primeira-ministra: "Uma peronista de saias"

Mário Soares, que apoiou nas duas candidaturas à Presidência da República: "Reconhecidamente um mau gestor"

Ramalho Eanes, Presidente da República de 1976 a 1984: "Uma pessoa inconsequente"

Manuela Ferreira Leite, quando era líder do PSD: "Teve muitos anos de trabalho, mas no Estado. Nunca dormiu mal por ter a responsabilidade de saber como pagar salários".

Cavaco Silva (à Visão, em 2010): "Cavaco é um ditador. Mandou quatro amigos meus, dos melhores ministros, para a rua, assim, 'com vermelho directo'". A frase gerou polémica e Belmiro esclareceu: "É-o só no sentido que dou à expressão quando frequentemente digo, referindo-me até a mim mesmo, que 'às vezes é preciso ser-se ditador', querendo com isso significar que o titular do poder de decisão tem, a certa altura, de impor o seu critério, não fazendo do 'diálogo' e da procura de consensos um espartilho que o agrilhoa e o imobiliza."

Francisco Louçã e o Bloco de Esquerda (em 2010): "[O Bloco tem] uma comunicação retrógrada e um líder com um discurso inteligente - ele diz que é inteligente, até escreve livros - usa a comunicação mais primaria e mente com todos os dentes".

Fontes: "O Homem Sonae", Filipe Fernandes (Academia do Livro, 2008); Entrevista à revista Visão, Janeiro de 2010


Adaptação de artigo publicado a 11 de Março de 2015, a propósito da saída de Belmiro de Azevedo do cargo de presidente do conselho de administração do grupo Sonae