Angela Merkel reconhece erro ao avaliar situação no Afeganistão
16-08-2021 - 20:55
 • Lusa

A chanceler classificou os acontecimentos dos últimos dias, que culminaram com a tomada de Cabul pelos talibãs, como "amargos, dramáticos e horríveis".

A chanceler alemã afirmou que ela e a comunidade internacional se enganaram por completo ao avaliarem a situação no Afeganistão e calcularem como poderia evoluir após a saída das tropas internacionais.

Angela Merkel emitiu estas declarações numa comparência perante a imprensa convocada de urgência para avaliar a situação no Afeganistão, esta segunda-feira, de onde a Alemanha está a tentar, apesar do caos que reina desde que os talibãs entraram no domingo em Cabul, retirar os seus cidadãos e os afegãos que colaboraram durante anos com as suas tropas e pessoal diplomático.

"Todos - e por isso também assumo a minha responsabilidade - avaliámos erradamente a situação. Toda a comunidade internacional deu como certo que poderíamos prosseguir com a ajuda ao desenvolvimento" no Afeganistão, afirmou.

A chanceler classificou os acontecimentos dos últimos dias, que culminaram com a tomada de Cabul pelos talibãs, como "amargos, dramáticos e horríveis", considerando que a intervenção internacional além das operações antiterroristas foi "um esforço sem êxito".

Segundo Merkel, a intervenção dos Estados Unidos e seus aliados durante quase 20 anos no Afeganistão fez com que atualmente não se possa preparar naquele país um atentado terrorista como o de 11 de Setembro de 2001.

No entanto, todos os esforços internacionais para criar um Estado democrático e de direito "não foram conseguidos como nós o tínhamos proposto".

É uma "lição amarga" para milhões de afegãos que apostaram numa "sociedade livre", em "democracia, educação e direitos das mulheres", observou.

A chefe do executivo alemão indicou que, além dos cidadãos nacionais no país, Berlim está a trabalhar para retirar todos os afegãos que colaboraram com o exército e a polícia alemães, um grupo de cerca de 2.500 pessoas, 1.900 das quais já se encontram na Alemanha e noutros países.

"Faremos tudo o que estiver ao nosso alcance para os retirar do país", assegurou.